A queda de braço entre hospitais privados e planos de saúde por causa dos atendimentos eletivos avançou nesta semana. Grandes empresas de planos de saúde enviaram comunicado a médicos e clínicas para desestimular a realização de procedimentos não urgentes, desagradando hospitais. A Amil chegou a anunciar, na quarta (24), que, por causa da piora na Covid, decidiu suspender por 15 dias a autorização de procedimentos e cirurgias do tipo na rede própria e credenciada.
A Amil disse também que a suspensão de autorizações poderia ser prorrogada por mais 15 dias em casos como internação hospitalar, procedimentos e exames eletivos com sedação, hospitalares ou ambulatoriais, entre eles endoscopia e colonoscopia.
Procurada pelo Painel S.A. nesta sexta-feira (26), a Amil disse que vai retomar as autorizações a partir deste sábado (27).
O credenciado da Notredame Intermédica também foi avisado que, pelo agravamento da Covid, a empresa não autorizaria procedimento de caso eletivo ou sem emergência e que o adiamento não gere risco de morte.
“Estamos assistindo inúmeras pessoas com sintomas de Covid-19 nas filas e portas de hospitais aguardando leitos, e ainda há severos riscos de desabastecimento de materiais. Estranhamente alguns hospitais e médicos estão solicitando autorizações para procedimentos eletivos não urgentes, mesmo diante de falta de leitos”, disse a Notredame em nota.
A SulAmérica também vem desestimulando os eletivos. “É um movimento de conscientização da necessidade de tomarmos medidas possíveis para não sobrecarregar ainda mais profissionais de saúde e hospitais”, diz.
Após as manifestações dos planos de saúde, a Anahp, que reúne hospitais privados, reagiu dizendo que a suspensão de certos procedimentos eletivos pode agravar doenças com consequências para o próprio sistema de saúde. Segundo especialistas no setor, o alto custo do leito de Covid preocupa os hospitais.
A ANS diz que sua recomendação é para que as operadoras priorizem a assistência aos casos graves de Covid e os médicos avaliem a realização de eletivos. A agência diz que não prevê a postergação ou a suspensão de prazos máximos estabelecidos.
“As operadoras seguem obrigadas a garantir o acesso dos beneficiários aos serviços e procedimentos indicados como inadiáveis pelo profissional de saúde nos prazos máximos estabelecidos, sob pena de multa caso descumpridos”, afirma a ANS.
com Filipe Oliveira e Andressa Motter
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