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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Coronavírus

Governo tem muito motivo para ser aplaudido, diz empresário que recebeu Bolsonaro em jantar

Washington Cinel diz ter pedido para que se evitassem críticas

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São Paulo

O empresário Washington Cinel, dono das empresas Gocil, de segurança, e Broto Legal, de alimentos, e também da casa que recebeu o presidente Bolsonaro com aplausos para o jantar de grandes empresários nesta quarta (7), diz que o governo tem muito motivo para ser aplaudido.

Cinel afirma que o presidente se comprometeu com a vacinação, agradando os empresários presentes. Além de ministros de pastas como Infrastrutura e da Economia, Bolsonaro acabou levando também o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, cuja participação não era esperada no evento, mas os empresários faziam questão de tê-lo à mesa. Segundo Cinel, o tratamento precoce foi defendido e o lockdown, criticado.

"Teve aplauso. Falar 'quero aumentar a vacinação, estamos coordenando todos os esforços', isso é motivo de aplauso. Eu acho que o governo tem muito motivo para ter aplauso. É que, muitas vezes, as pessoas não querem ver. Mas tem muito motivo", diz.

Além de participar de eventos com Bolsonaro e recebê-lo em casa, Cinel tem bom relacionamento com o inimigo político do presidente, o governador de São Paulo, João Doria. O empresário dirige o Lide Segurança, um dos capítulos do grupo de empresários fundado por Doria. Ele também é formado pela Academia da Polícia Militar do Barro Branco, já atuou como oficial da PM e integrou a equipe especial de tiro.

Defensor da compra de vacinas por empresas para antecipar a imunização de funcionários, Cinel lamenta o custo pelo afastamento dos trabalhadores doentes.

"Meu interesse único é aumentar e vacinar o último brasileiro o mais rápido possível. Sabe por quê? O cara fica doente, não vai trabalhar, você precisa contratar outro. O que nós estamos perdendo com isso é incrível a nível econômico. Esse é o grande problema, além das mortes, logicamente, que vêm ocorrendo", diz.

Como já tinha dito ao Painel S.A. na terça (6), após o jantar, Cinel reitera que o evento não teria tom de crítica. O empresário nega que as medidas de Doria para conter a Covid restringindo a circulação no estado tenham sido atacadas no jantar.

"Não se falou do governador. O que se falou foi dos lockdowns. Mas não especificamente ao João Doria. Foi ao lockdown, mas não direcionado. No jantar, eu só pedi uma coisa: 'não quero críticas'. Criticar pode, mas crítica construtiva. Esse foi o tom. Me parece que foi muito bom. O pessoal saiu daqui animado", diz.

O empresário Washington Cinel, dono da Gocil e da Broto Legal - Zanone Fraissat/Folhapress

No jantar de ontem na sua casa, teve aplausos para o presidente. Qual o motivo do aplauso?

Teve aplauso. Falar 'quero aumentar a vacinação, estamos coordenando todos os esforços', isso é motivo de aplauso. Eu acho que o governo tem muito motivo para ter aplauso. É que, muitas vezes, a pessoas não querem ver. Mas tem muito motivo. Mas está sendo feito um esforço. E o objetivo do jantar era, única e exclusivamente, comprometer mesmo com o nosso presidente para aumentar a vacinação.É o que ele nos prometeu.

Ele fez o compromisso de aumentar a vacinação?

Fez. Está nos jornais, na Folha. E está aumentando. Ontem foi vacinado um milhão de pessoas. Teve também o ministro da Saúde.

Foi uma surpresa? A princípio, ele não tinha prometido levar o ministro da Saúde. Ele levou porque o empresariado tem essa preocupação com a vacina?

Não. Vieram vários, muito mais ministros. Acho que, como é um assunto de Saúde, uma coisa especializada, estava ali para responder qualquer pergunta. Tanto é que, depois, foi dada uma coletiva para a imprensa e quem falou foi o ministro da Saúde.

O número de mortes foi 3.733. Quando vocês falam com eles sobre isso, o que eles dizem?

Ele diz que está fazendo. Ele foi para Chapecó ontem. Lá teve o tratamento precoce e as mortes despencaram [o prefeito de Chapecó usou dados distorcidos sobre os números da pandemia em queda. Ele atribuiu a redução a medidas como o tratamento precoce, mas omitiu que os índices só começaram a cair após o lockdown]. Ele foi lá para ver o que tinha de novidade nisso. Deu entrevista nesse sentido em outra situação. É aquela correria. Todo mundo está correndo para diminuir isso. Eu acredito que vai diminuir rapidamente. Tenho muita fé.

Você e as pessoas que estavam lá acreditam no tratamento precoce? Eles fazem? Como é? Porque não tem eficácia.

Acreditam assim: a pessoa se sentiu mal, liga para o médico. Todo mundo faz isso. Você faz isso? O médico prescreve, você toma ou não toma? Fala para mim? Me responde?

Sim.

Então você respondeu. Isso é tratamento precoce ou não?

As pessoas estão tomando vermífugo, cloroquina?

Não. Vamos por os pingos nos is. O tratamento precoce que é defendido é só com orientação médica. Não existe outro. E isso foi falado. Estamos causando polêmica desnecessariamente. Temos que fazer o tratamento com o médico e aumentar a vacinação. Se conseguirmos isso, vamos resolver o problema. Pode ter certeza. Acredito nisso. Meu interesse único é aumentar e vacinar o último brasileiro o mais rápido possível. Sabe por quê? O cara fica doente, não vai trabalhar, você precisa contratar outro. O que nós estamos perdendo com isso é incrível a nível econômico. Esse é o grande problema, além das mortes, logicamente, que vêm ocorrendo.

Teve críticas indiretamente ao governador João Doria por causa das medidas que ele vem tomando, como foi?

Não se falou do governador. O que se falou foi dos lockdowns. Mas não especificamente ao João Doria. Foi ao lockdown, mas não direcionado. No jantar, eu só pedi uma coisa: 'não quero críticas'. Criticar pode, mas crítica construtiva. Esse foi o tom. Me parece que foi muito bom. O pessoal saiu daqui animado. Falaram o que é verdade. Ele se comprometeu. Todos nós precisamos ajudar. Se todo mundo ajudar, chegaremos lá.

E sobre economia? Chegaram a falar alguma coisa sobre o Orçamento?

O Paulo Guedes falou sobre economia. Deu um panorama. Foi muito rápido, porque não dá para isso, mas falou uns 10 a 15 minutos sobre economia, as reformas estruturantes, que tudo está andando. Tem essa situação do Orçamento, tem que fechar até o final deste mês. Tudo isso foi tratado, mas eu vejo a equipe muito centrada e trabalhando 24 horas. O pessoal saiu muito impressionado com as medidas que estão sendo tomadas. Vamos acreditar que dê certo. Estou torcendo, porque ajuda a gente como empresário, voltamos à boa relação entre capital e trabalho, as crianças voltam para a escola. Isso que é o mais importante.

Também na sua casa teve outro evento com os presidentes da Câmara e do Senado. Depois daquela reunião, caiu o ministro das Relações Exteriores, alguém que uma parte do empresariado estava entendendo como uma peça que estava atravancando a aceleração do processo da vacina. Ontem se falou alguma coisa disso?

Não. Ontem, o ministro novo das Relações Exteriores estava aqui. Pessoa muito preparada. Gostei dele. Mas acho que não relação uma coisa com outra. Troca de ministro é normal em todo governo. Acho que o que saiu estava um pouco desgastado já. É bom dar uma oxigenada. Mas no todo, acho que o jantar foi bom, trouxe um ar de otimismo, de aceleração da vacinação em massa. Na parte econômica, o pessoal fez várias perguntas. E a preocupação também dos empresários com as demissões. Se ele não tem receita, tem que demitir. Tudo isso foi colocado na mesa. A ideia é voltar ao trabalho, mas observando estritamente o protocolo de imunização, máscara, distanciamento, tudo isso.

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