O avanço das apurações da CPI da Covid sobre a Covaxin é visto no empresariado como um potencial foco de instabilidade capaz de respingar na economia. O impacto não é imediato porque os números ainda refletem estímulos do ano passado e parte da retomada econômica, mas a avaliação é que estresse político sempre leva complicações ao ambiente de negócios. O que preocupa é a sustentabilidade no longo prazo porque toma espaço da discussão legislativa.
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, ressalva que, por enquanto, é mais ruído. “Talvez aumente o custo do apoio do centrão. Se houver fato novo, pode mudar. Até aqui, muito barulho, pouca implicação prática”, afirma.
Para Richard Back, responsável por estratégia macro e política na XP, o problema está no longo prazo. “O Brasil precisa ganhar produtividade. Precisa ter a discussão legislativa para remover entraves da economia. E isso deve impactar porque toma espaço no dia a dia de Brasília”, diz.
José Augusto de Castro, presidente da AEB (associação de comércio exterior) diz que a mudança de comando na Câmara e no Senado havia elevado a expectativa de aprovação das reformas administrativa e tributária neste ano, mas o prazo começa a ficar curto. “Não sou contra a CPI, temos que corrigir, mas desvia o foco. E, em 2022, o tema vai ser a eleição.”
Laércio Cosentino, presidente do conselho de administração da Totvs, aposta na vacinação para afastar a economia dos desdobramentos da CPI. “A economia é movida por oportunidade de negócio e mercado consumidor. Após mais de um ano de espera com um grande número de vacinados, a tônica do mercado será prosperidade”, afirma.
"O que me preocupa é que, no momento de guerra contra a Covid, nós estamos perdendo uma energia brutal. Não estou dizendo que a CPI não é necessária, mas isso toma espaço e tempo, inclusive das autoridades", afirma Rafael Cervone, vice-presidente da Fiesp.
A sombra do ruído político também pode turvar os planos de investimento. "Deixa uma dúvida sobre investimentos de longo prazo. O empresário precisa de paz, de previsibilidade", diz segundo Frank Geyer, presidente do conselho de administração da Unipar.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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