Um ano após sair da XP em uma despedida ruidosa que foi parar na Justiça, o escritório de agentes autônomos EQI, que se uniu ao BTG, agora se prepara para começar a atuar como corretora, segundo Juliano Custódio, fundador da EQI. Na sexta (30), recebeu autorização do Banco Central e, nos próximos dias, abre uma companha com o narrador Galvão Bueno, que acaba de contratar como garoto-propaganda para falar de investimentos.
Quando vocês saíram da XP teve ume briga judicial, que depois entrou em segredo de Justiça. Como está isso? O processo está correndo na Justiça. Está na burocracia. Saiu uma notícia no ano passado de que XP e BTG fizeram alguns acordos de processos antigos. Mas não estávamos dentro deste acordo.
E o projeto para virar corretora? Com a autorização do Banco Central, que era a etapa mais importante, está quase tudo pronto. Tem uma fase de vistoria física do Banco Central e depois da B3. A expectativa é que em novembro comecemos a atuar como corretora.
Neste primeiro ano vocês tiveram outros projetos também. A quantas anda? Queremos verticalizar as receitas. O mercado de investimento tem três partes: originação, estruturação e distribuição. Até hoje, éramos um agente autônomo, que divide a receita de distribuição com a corretora. Destas três partes das receitas de uma operação financeira, ficávamos com a metade de um terço do dinheiro. Então, fomos atrás de verticalizar, de montar uma esteira de crédito, que é o caso da Nexxees, para ir atrás de originação, e montamos uma asset para ganhar com estruturação.
Essas aquisições foram feitas para termos a esteira completa, todo o processo de ciclos de investimentos, ou seja, vou poder emitir CRI, CRA, debêntures.
Todos que se desplugam da XP dizem que levaram muitos clientes, muito recurso. Por outro lado, não é tão fácil para o cliente mudar de casa. Como isso acontece? É um defeito da nossa regulação. Hoje, para fazer portabilidade de um telefone celular é só fazer o pedido. Tem uma lei rigorosa e específica que multa a operadora se ela não fizer. Com investimento, não é tão rígido. Depende da boa vontade das instituições financeiras de mandar o dinheiro de uma para a outra. Quem sabe melhore no futuro, com open banking. Já foi pior nos últimos anos.
A Anatel dá esses dados de portabilidade de uma empresa para a outra porque ela regula isso. Não temos uma regulação forte nesse segmento. Mas eu acredito que CVM e Banco Central estão se organizando para que seja mais fácil no futuro. Muitos dos nossos clientes optaram por sacar os investimentos e mandar TED. O problema é que tem alguns investimentos com prazo de vencimento de dois anos, então, não tem como sacar. Tem que ser pela portabilidade.
Na época da saída de vocês, a XP disse que tinha bloqueado um acesso por causa de uma tentativa de violação de sigilo de clientes. Como foi isso? É isso que estamos contestando. Eu era representante deles. O dado também era meu, se eu os representava. Se sou eu que atendo o cliente, se tenho acesso aos dados todos os dias, como eu estou roubando um dado que eu acesso diariamente? Um dado que, antes de ser deles, era meu, porque toda esteira de marketing digital era minha. Como estou roubando um dado se é o cliente que está mandando uma solicitação de transferência? Não sou eu.
É o cliente quem entra no site da corretora e faz o upload do arquivo de solicitação. É ele quem pede para ir embora. Não sou eu quem mando um email e digo para transferir o meu cliente para cá. Temos muita tranquilidade. Tanto é que eles nunca mais acusaram ninguém de fazer isso porque notaram que não faz sentido.
Como vê o futuro do mercado de agente autônomo? Eu acho que Banco Central e CVM vão trabalhar para ter nova regulação. Tenho a sensação de que não é legal obrigar uma empresa a ser corretora para ser dona do cliente para poder ter valor de equity. Quando você vira uma corretora, tem obrigações maiores. É mais complexo e caro.
Acredito que o regulador vai pensar que muitos, para serem donos do próprio nariz, estão virando corretora. Isso é mais caro. Se o que se quer é concorrência, e que mais pessoas aprendam sobre investimentos, não pode colocar barreira. Quando mais pessoas desbancarizam, financiamos direto as empresas. Essa é a beleza do negócio. Tira um intermediário no crédito.
Como tem visto a reforma tributária? Nas empresas que são lucro presumido, se não tiver uma diminuição de imposto ou de presunção de lucro, vai ficar caro de operar. Tem de ter uma queda boa. Está prometido que vai acontecer, mas não tem certo quanto. É preocupante para nós e, provavelmente, para os advogados e profissionais liberais. O agente autônomo ganha por distribuição de dividendos. Então, se continua com a presunção de imposto, a carga tributária, e ainda tributa o dividendo, na verdade, está tributando ainda mais a renda.
Vocês perderam um profissional, Pablo Spyer, que foi ser influencer da XP. Como foi? Lamentamos a saída, mas é um movimento. Agora, temos um movimento de entrada importante. É a contratação do Galvão Bueno como garoto-propaganda e embaixador. Vamos começar com marketing digital. Agora, nas Olimpíadas, está mais caro fazer propaganda de TV, mas depois teremos um projeto de TV. O mote é mostrar um pouco do Galvão investidor.
Juliano Custodio
Formado em engenharia elétrica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalhou no banco Banrisul, na Ambev e na XP Investimentos. Fundou portal que deu origem a EQI investimentos
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