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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Bolsonaristas estimulam ônibus para atos de 7 de setembro, mas setor rodoviário vê demanda para a praia

Movimento tem fretamento por pessoa física e fake news diz que empresa pagaria viagem

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São Paulo

Movimentos bolsonaristas tentam impulsionar viagens de ônibus para levar manifestantes aos atos do dia 7 de setembro em Brasília e São Paulo, mas o setor de transporte rodoviário diz que, até agora, não registrou aquecimento na demanda relacionado aos atos a favor do presidente.

Segundo o deputado federal Coronel Tadeu (PSL - SP), que apoia as excursões, estão confirmados mais de 50 ônibus de todas as regiões do país com destino à capital paulista.

Em grupos de WhatsApp bolsonaristas circulam mensagens chamando para as "caravanas da independência" saindo de Minas Gerais, Espírito Santo, estados da região Sul e cidades do interior de São Paulo, com passagens de R$ 80 a R$ 160.

Os apoiadores com dificuldade de pagar podem ser patrocinados por comerciantes que, segundo o deputado, gostariam de viajar mas não podem fechar as portas no feriado, por isso vão bancar um representante.

A startup de venda de passagens de ônibus Buser, uma das grandes do mercado de fretamento rodoviário, de fato, está vendo o próximo 7 de setembro como o melhor desde a fundação da plataforma há quatro anos. A expectativa é transportar mais de 100 mil passageiros no feriado. Porém, as rotas com o maior número de reservas são viagens com origem e destino litorâneo.

No mercado de ônibus regulares, o feriado também é esperado como mais um degrau rumo à retomada na crise da pandemia. Mas não há sinais de que as manifestações serão um impulsionador disso.

Segundo Letícia Pineschi, porta-voz da Abrati (associação das empresas de transportes de passageiros), as rotas mais demandadas para a data têm as praias como destino, especialmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará.

"O que eu tenho visto para o 7 de setembro é demanda de feriado, voltada para turismo e lazer. Não vejo fluxo maior para São Paulo e Brasília. Nada diferente", diz Pineschi.

Além das listas de WhatsApp que tentam preencher vagas nos fretados, há esforços de pessoas físicas, como o produtor rural Leandro Almeida, de Uruguaiana (RS), que chamou os amigos para dividir o custo de R$ 24 mil pelo frete de um ônibus rumo a Brasilia no feriado. Ele afirma que reuniu 48 pessoas, mas não prevê o aluguel de mais um veículo. O grupo vai dormir uma noite em um hotel na capital.

"Do meu contato, o máximo é isso aí. Se quiserem mais, eu não me envolvo, mas não sei se tem outras pessoas aqui na cidade que vão conseguir ônibus também. Eu não represento toda a cidade. É a minha volta de amigos, deu um ônibus praticamente cheio", diz Almeida.

Outra excursão, que sairá de Santa Rosa (RS) para Brasília, foi organizada pelo coronel da reserva da Brigada Militar, Vladimir Ribas, e mais duas pessoas.

Segundo ele, a viagem tem 26 inscritos, mas há outros interessados. Ribas diz que a ideia é completar um ônibus com 52 passageiros pagando cerca de R$ 400 cada um. Por causa da distância, são quase 2.000 quilômetros, eles sairão de casa no dia 5 de setembro.

Também circulam no Whatsapp mensagens falsas estimulando as viagens.

Uma das fake news, marcadas com o alerta "encaminhada com frequência" pelo aplicativo, diz que a fabricante de máquinas agrícolas Jacto, localizada no município de Pompeia (SP), vai pagar transporte de ônibus para levar manifestantes aos atos.

Segundo a mensagem, os interessados deveriam entrar em contato com a Jacto. O texto também diz que quatro ônibus foram reservados, mas a empresa estaria disposta a colocar quantos veículos fossem necessários.A Jacto nega participação nas manifestações pró-Bolsonaro. Procurada pelo Painel S.A., diz que não está organizando excursão alguma e não tem como confirmar quem está organizando.


com Mariana Grazini e Andressa Motter

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