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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Venda do vermífugo ivermectina despenca de 15,6 milhões para 3,6 milhões de unidades

Medicamentos do "kit Covid", sem eficácia comprovada contra a doença, tiveram pico de demanda em março

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São Paulo

Com o avanço da vacinação, a demanda pelo chamado "kit Covid", dos remédios sem eficácia comprovada contra o coronavírus, entrou em trajetória de queda.

A ivermectina, vermífugo usado para o tratamento de piolho e sarna, que chegou ao patamar de 15,6 milhões de unidades vendidas durante a segunda onda da pandemia, em março, caiu para cerca de 3,6 milhões em junho, segundo a Iqvia, instituto que reúne os dados do varejo de medicamentos.

As vendas da hidroxicloroquina, também turbinadas pelas recomendações de Bolsonaro, bateram em quase 468 mil unidades no pico de março, mas desceram para 218 mil em junho.

Mesmo sem efeito comprovado contra a doença, o presidente Jair Bolsonaro transformou o "kit Covid" em um grande tema ao longo da pandemia.

A CPI da Covid busca apurar ações e omissões do governo no enfrentamento do coronavírus, e tem alvos como o gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente fora do Ministério da Saúde, uma estrutura formada por médicos, assessores palacianos e empresários para desprezar a importância da vacina e turbinar, em sintonia com Bolsonaro, a defesa de remédios como a cloroquina.

Uma das metas da comissão é descobrir se há relação das farmacêuticas com o governo e com os membros desse gabinete paralelo.

Nesta quarta-feira (11), a CPI da Covid ouve Jailton Batista, diretor-executivo da farmacêutica Vitamedic, que é uma fabricante brasileira da versão genérica da ivermectina e uma das principais fornecedoras no país.

No início do ano, a empresa protagonizou um imbróglio sobre a eficácia do medicamento no tratamento da Covid-19 depois que a Merck (MSD no Brasil), produtora inicial do remédio, divulgou um comunicado afirmando que não há evidências pré-clínicas nem clínicas de eficácia da ivermectina contra o coronavírus, além de indicar efeitos adversos em determinados públicos.

A Vitamedic, que defende o uso do vermífugo para combater a doença, reagiu com outro comunicado dizendo que o produto é alvo de "campanhas contra na mídia" geradas por interesse de outras farmacêuticas.

Dados sigilosos da CPI revelam que a empresa bancou a publicação em fevereiro de anúncios da Associação Médicos pelo Brasil em defesa do chamado tratamento precoce contra a Covid-19.

Em documentos enviados aos senadores, a empresa informou que aumentou a venda de caixas do medicamento em 1.230%, passando de 5,7 milhões em 2019 para 75,8 milhões em 2020.

com Mariana Grazini e Andressa Motter

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