O mercado de viagens domésticas —visto no setor aéreo como a primeira porta para sair da crise da pandemia enquanto o internacional ainda sofre— é alvo de uma forte disputa também no segmento rodoviário, que deve esquentar nos próximos meses e promete dar dor de cabeça às empresas de ônibus tradicionais.
A gigante alemã FlixBus anuncia o início de sua atuação no Brasil no fim do ano, e a Buser, startup já consolidada por aqui, monta estratégia para crescer sobre as grandes viações.
Também conhecido como Uber dos ônibus, esse mercado de jovens empresas que entram no ramo pelo ambiente digital, ainda sofre resistência das competidoras tradicionais, que acusam as novatas de infringir regulação. Mas elas estão com apetite e investimentos, e o nome do jogo para ganhar mercado deve ser a queda de preço.
A entrada da FlixBus vem depois que sua controladora FlixMobility anunciou que recebeu um investimento de US$ 650 milhões. Parte dele vai construir a operação brasileira, segundo a empresa, que na Europa chega a ofertar viagens por menos de 3 euros. A principal estratégia não é crescer com frota própria, mas operar por uma rede de parceiras que exploram as rotas na mesma plataforma.
Já a Buser, startup de intermediação de viagens rodoviárias por aplicativo que em junho anunciou uma captação de R$ 700 milhões com investidores, diz que vai crescer na venda de passagens levando as grandes viações a se tornarem suas parcerias no marketplace, um novo braço do negócio além do serviço de fretamento.
A estratégia, segundo a empresa, é ampliar o faturamento com redução do preço unitário do bilhete para elevar a ocupação dos veículos, aumentando para 70 mil o volume de passageiros transportados ao mês por meio do marketplace, que foi lançado em janeiro e hoje tem um patamar mensal de 20 mil.
Segundo a Buser, a expectativa é saltar de 60 para 100 viações parceiras até dezembro em todos os estados do país, na esteira do turismo regional impulsionado pelo avanço da vacinação. Atualmente, a empresa registra 4 milhões de usuários cadastrados tanto no fretamento como no marketplace.
No fim de julho, a Abrati (associação que reúne as empresas tradicionais de transporte rodoviário) publicou uma projeção de investimento de R$ 3 bilhões em renovação de frotas e novas rotas nos próximos dois anos.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.