O monitoramento das empresas de diversos setores sobre a situação dos protestos de caminhoneiros nas estradas já indica um cenário melhor nesta quinta-feira (9).
Segundo o presidente do Sincopetro (sindicato do comércio de derivados de petróleo), José Alberto Paiva Gouveia, os postos de gasolina de São Paulo estão sendo abastecidos. "No momento, está tudo normal. Houve uma pequena corrida dos consumidores e falta eventual em alguns postos devido a estoque baixo", diz.
Na indústria farmacêutica, a avaliação também é de maior tranquilidade. Os veículos estão trafegando com um pouco de atraso, mas sem problemas, segundo Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma.
Segundo a ABPA (que reúne as empresas de proteína animal), houve situações pontuais, mas já liberadas. As cargas vivas, perecíveis e outros produtos estão fluindo, afirma a entidade.
Já a Abia, outra associação que reúne a indústria de alimentos, chegou a dizer que a turbulência nas estradas causaria prejuízo aos produtores de leite, que podiam ter de descartar parte do produto que ficou impossibilitado de ser transportado.
Mais tarde nesta quinta-feira, a Abia afirmou, com a liberação de algumas vias, não houve necessidade de descarte e registrou apenas atrasos nas entregas.
No setor têxtil, segundo Fernando Pimentel, presidente da Abit, a dimensão do problema não se compara ao trauma da grande greve de caminhoneiros de 2018. É muito menor, mas está causando problemas sim. Houve casos de transportadoras que se recusaram a sair com cargas e relatos de dificuldade de abastecimento. Mesmo após a liberação dos bloqueios que já está acontecendo, ele estima um período de 72 horas a 96 horas para a normalização da logística.
A Eletros, associação de fabricantes de eletrônicos e eletrodomésticos, que na noite de quarta (8) chegou a falar em risco de paralisação de linhas de produção por falta de insumos, afirma agora que o fluxo voltou.
Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (setor de plásticos), diz que a situação está se normalizando em praticamente todos os estados, mas a confusão deixou rastros. "Grandes filas e postos com receio do aumento dos preços dos combustíveis são consequências da instabilidade do câmbio com alta do dólar", afirma.
Outro mercado de um produto bastante perecível que sofreu em 2018, a venda de flores deve cair 50% nesta semana, estima Kees Schoenmaker, presidente do Ibraflora (Instituto Brasileiro de Floricultura). Os produtores reduziram a oferta porque ficaram com medo das paralisações, mas os atacadistas já estão começando a preparar as cargas para sair entre esta quinta-feira (9) e sexta-feira (10), com a previsão de que as estradas sejam liberadas.
“Estamos orientando quem está em viagem a explicar que o nosso produto é perecível e tem autorização para ser transportado mesmo em momentos de bloqueio”, diz Schoenmaker.
O número de protestos foi reduzido desde a noite passada, porém, ainda há registros em cinco estados.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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