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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu indústria CRISE ENERGÉTICA

Queda do PIB frustra e preocupa empresários

Recuo do segundo trimestre, divulgado nesta quarta, foi de 0,1%

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São Paulo

Diante do frustrante recuo de 0,1% no PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre divulgado nesta quarta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), empresários e representantes do setor privado dizem que o país precisa acelerar a busca de soluções estruturais.

Para Alexandre Ostrowiecki, presidente da fabricante de eletrônicos Multilaser, o resultado foi uma decepção diante da expectativa de um avanço modesto.

"Temos hoje mais de 14 milhões de desempregados, que precisam desesperadamente de crescimento econômico para encontrar trabalho. Para resolver o problema, porém, não basta olhar pontualmente um ou outro trimestre. Desde a Constituição de 1988, excetuando-se Venezuela, Argentina e algumas minúsculas nações miseráveis, o Brasil tem a pior performance de crescimento do planeta", afirma.

Para José Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (associação da indústria dos plásticos), apesar da queda, a economia mostra sinais de recuperação, ainda que em pequena escala, porém, a ameaça de crise de energia e água preocupam, além da instabilidade política que atrapalha.

"O Brasil precisa de previsibilidade. Os ânimos acirrados no cenário político e institucional afetam a todos, geram insegurança jurídica para novos investimentos e atravancam votações no Congresso. Reformar o sistema tributário deveria estar no topo de nossas prioridades. Só a reforma tributária ampla, com simplificação do sistema e sem aumento de carga total de impostos, recolocará o país no rumo", afirma Roriz.

Frank Geyer, presidente do conselho da Unipar, também pede atenção à reforma tributária.

"Deveríamos focar algo estruturante, por exemplo, a proposta da reforma tributária , que teve uma narrativa falsa. Se olharmos a causa, com a h umildade de resolver pontos estruturantes, vamos fazer uma efetiva simplificação de imposto e redução de carga. Seria mais importante do que o retrovisor do PIB", diz o empresário.

Na indústria de alimentos, Rodrigo Garcia, presidente da associação Abiad, diz que a queda do PIB preocupa em relação ao cenário futuro e, apesar do avanço da vacina, ainda há pontos de alerta na visualização de um crescimento mais amplo e a retomada das atividades.

"Este fôlego só virá com o crescimento do consumo das famílias brasileiras, que segue estagnado devido ao desemprego, renda restrita e alta dos preços", afirma Garcia.

Antonio Lemos, presidente da Voith Paper América do Sul, vê ​o cenário com cautela. Além da questão tributária, ele menciona o alto preço de matéria-prima e a falta de mão de obra especializada no negócio de máquinas e equipamentos.

Na avaliação da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o crescimento de 2,7% registrado pela indústria da construção no segundo trimestre indica que o setor tem sido resiliente, mas com avanço abaixo do seu potencial.

A entidade afirma que, se os lançamentos de imóveis não tivessem caído nos últimos meses, puxados pelo temor dos empresários com o aumento do preço dos insumos, o desempenho do setor teria sido melhor.

Para a CBIC, a alta no PIB da construção contribuiu para que a indústria em geral não registrasse uma queda mais intensa no trimestre, que foi de -0,2%.

Mesmo nos serviços, que avançaram 0,7% no período, há cautela com inflação, energia e, ainda, a pandemia.

Helton Freitas, presidente da Seguros Unimed, diz que houve um sopro de otimismo com o desempenho de alguns indicadores, mas questiona se é sustentável.

“Apesar do aumento do PIB nos primeiros três meses de 2021 e da reação positiva do setor de serviços, outros fatores não são tão favoráveis, o que é reforçado pelo recuo que tivemos no segundo trimestre. Nas últimas semanas, temos convivido com uma forte pressão inflacionária, além da ameaça da variante delta se contrapondo às boas notícias do avanço da vacina e crise hídrica que pode implicar em um racionamento de energia. Em paralelo, alguns players da área financeira alertam para uma contração dos investimentos", diz Freitas.

Na avaliação de Laércio Cosentino, presidente do conselho de administração da Totvs, o resultado do PIB poderia ter sido melhor, mas foi apenas um soluço. "Se queremos mudar o país, vamos pensar e agir para impulsionar os negócios mirando o futuro. Independentemente da eleição, 2022 será um grande ano", afirma.

com Mariana Grazini e Andressa Motter

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