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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Representantes do empresariado criticam auxílio de R$ 400 fora do teto

Medida é política e falta transparência, segundo porta-vozes de diferentes setores

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São Paulo

Representantes do empresariado elevaram o tom das críticas ao plano de furar o teto de gastos para pagar R$ 400 na nova versão do Bolsa Família.

Na opinião de representantes de diversos setores, o projeto tem objetivo político, denota falta de transparência, pressiona a inflação e compromete a rentabilidade das empresas, além de passar mensagem de falta de compromisso com o discurso liberal e de responsabilidade fiscal que levou o mercado a apoiar o governo.

José Augusto de Castro, presidente da AEB (associação de comércio exterior), diz que a medida tem cunho político, não econômico, e pode recair no futuro justamente sobre a população mais carente.

Na avaliação de Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (associação de bares e restaurantes), falta transparência no plano do governo para financiar o Auxílio Brasil, gera insegurança no mercado e prejudica investimentos.

"Ninguém é contra um auxílio que ajude quem está desfavorecido, especialmente no nível de desemprego que estamos. Mas, da forma como as coisas estão sendo feitas, acaba sendo negativo para o governo", diz.​​

Para Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma (que reúne o setor de medicamentos), é preocupante. "Na indústria farmacêutica, a volatilidade cambial é muito ruim, afeta diretamente a rentabilidade das empresas", diz.

Fernando Pimentel, presidente da Abit (associação da indústria têxtil), afirma que o governo terá de encontrar um caminho sem estourar o teto. "Em um orçamento tão grande será que não dá para remanejarmos dentro dele? O Brasil tem um problema crônico, que é a má alocação dos recursos públicos. Tudo muito engessado e carimbado", afirma ele.

Gabriel Kanner, presidente do grupo de empresários Brasil 200, ultrapassar a regras fiscal em cerca de R$ 30 bilhões não seria exorbitante, mas o problema é a sinalização que isso passa ao mercado e aos investidores.

"O discurso da responsabilidade fiscal vai por água abaixo. E foi um dos pilares que elegeram o governo Bolsonaro, com o discurso liberal, de responsabilidade fiscal, austeridade. Isso é muito ruim para as próximas gerações, porque a PEC do teto de gastos foi uma conquista. Foi um passo em direção a um país que cumpre as suas promessas, que tem responsabilidade fiscal e vai olhar com cuidado para as contas públicas, para não deixar estourar", diz Kanner.

com Mariana Grazini e Andressa Motter

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