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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Venda de caixa d'água dispara na crise hídrica, diz C&C

Segundo Marcelo Roffe, diretor-geral da rede, aumento se concentra no interior de SP

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São Paulo

Uma tendência de consumo que ganhou força em crises hídricas anteriores, a corrida para comprar caixas d’água volta a aparecer no varejo de material de construção. Segundo Marcelo Roffe, diretor-geral da rede C&C, a venda do produto subiu 70% nos últimos 60 dias, com maior concentração no interior de São Paulo.

Alguns municípios do estado convivem há meses com a rotina de colapso no abastecimento, com rodízio no fornecimento de água e caminhões-pipa. Também cresceu a procura por vasos sanitários com caixa acoplada econômica e lavadoras de alta pressão.

Marcelo Roffe, diretor-geral da C&C
Marcelo Roffe, diretor-geral da C&C - Divulgação

Em tempos de crise hídrica sobe o consumo de caixa d’água. Vocês estão sentindo isso? A venda de caixa d’água nos últimos 60 dias subiu 70%. Neste momento, há um aumento mais concentrado no interior de São Paulo. À medida que a escassez de água venha mais para a metrópole, isso vai crescer. Estamos vendo um aumento grande em Sorocaba, Bauru, Ribeirão Preto, mais para o oeste.

E quais outros produtos de economia de água crescem? Vaso sanitário com caixa acoplada de 3 a 6 litros. Aumentou 30%. As pessoas trocam [o modelo de válvula antiga] ou só o miolo, a parte de dentro, da caixa acoplada para ficar mais econômica.

Lavadoras de alta pressão, para evitar uso de mangueira, tiveram alta de 25%. E o consumo de painéis de LED cresceu cerca de 15%. Já existia uma procura natural por alguns produtos, mas agora, em função desse problema que se avizinha, começam a aparecer esses consumos.

O setor de vocês vinha em alta com o aumento do chamado consumo formiga de pequenas reformas na pandemia. Em que pé está isso agora? Desde o segundo semestre de 2020 temos experimentado um aumento do consumo, mas não é formiguinha. Como as pessoas estão trabalhando nas casas desde o ano passado, elas perceberam o que não estava adequado. E estando dentro de casa, fica mais fácil gerenciar a obra.

Além disso, as pessoas não podiam gastar dinheiro de outras formas, como viagem, restaurante, o que fez sobrar dinheiro para reforma. A partir de setembro, estamos começando a comparar com uma base extremamente forte de vendas do ano passado. Os crescimentos começam a ficar menores, mas ainda continuam muito bons.

O ano de 2021 para a C&C deve apresentar um crescimento da ordem de 25% em relação ao ano anterior, que já tinha sido bom. O ano passado teve um primeiro semestre muito ruim, mas o segundo foi bom. Este ano foi inteiro bom. Eu trabalho com material de construção desde 2004. O que estamos experimentando agora, nunca havíamos experimentado. Nem em 2010, que foi um ano espetacular.

Isso acontece junto com outro fenômeno da pandemia que é a quebra na cadeia de suprimento. Faltou até vaso sanitário. Como está isso agora? Nós experimentamos escassez de produto, mas como a C&C tem uma proximidade com os grandes fornecedores e trabalha com uma programação com antecedência, sentimos menos. Tanto é que as vendas foram ótimas. Se não tivesse produto, não venderíamos. Foi sofrido mas atravessamos bem.

Agora a cadeia está começando a se restabelecer. O que eu imagino daqui para o primeiro semestre de 2022 são períodos mais normais. Estamos começando o evento do aniversário da C&C e, para isso, fizemos negociação desde junho, quando entregamos os pedidos para os fornecedores. Estamos super abastecidos.

E a inflação? É uma ameaça para vocês? Não é uma situação comum, mas a inflação que experimentamos no mercado de construção é derivada do aumento nas commodities e da variação do dólar. Não dá para lutar contra algo que não tem como fugir. O que temos feito junto aos fornecedores é tentar minimizar isso fazendo as programações para ter garantia de preços antigos, mas não tem jeito.

Temos uma agenda muito liberal. O mercado tem que se ajustar. Não conseguimos interferir, então vamos ajustando, negociando forte com os fornecedores. E com programação se consegue garantir o preço por mais tempo, atrasar a alta.

Vocês ficaram com lojas abertas mas as vendas online também cresceram. Qual é o futuro do ecommerce no setor? Já tínhamos uma posição muito forte de 2019 para cá, quando a venda aumentou quatro vezes no ecommerce. Já tínhamos uma base preparada. Aumentamos a capacidade logística, desenvolvemos venda de WhatsApp, além de uma série de iniciativas que já existiam e foram capitalizadas. E outras que lançamos na pandemia. Virou realidade. Nada impede o cliente multicanal de ir na loja, olhar, comprar no ecommerce ou vice-versa.

E o plano de expansão? Vão abrir mais lojas? A empresa está preparada para expansão. Nos próximos anos, imaginamos ter uma expansão vigorosa. Olhamos para os aspectos que garantam a escalabilidade da empresa, por exemplo, logística, sistemas. Estamos trabalhando fortemente nisso.

Como está a questão da alta no preço do aluguel para vocês? Temos negociado com os proprietários porque, se for seguir ao pé da letra, teria aumento. Como somos bons inquilinos, conseguimos conversar bem com eles para evitar aumentos excessivos, mas é uma questão importante, não é para se ignorar.


Marcelo Roffe
É formado em engenharia civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e possui MBA em administração e marketing pela Coppead-UFRJ. Roffe tem passagem por companhias como Americanas, Grupo Pão de Açúcar e Saint-Gobain, pela rede Telha Norte. O executivo é diretor-geral da C&C desde outubro de 2019

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