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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Opinião de empresário

Podemos ter instrumentos para minimizar o impacto econômico da pandemia, diz Lottenberg

Médico afirma que autoteste precisa de casamento com a estrutura sanitária do país

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São Paulo

Diferentemente do cenário do início da pandemia, hoje, o país tem mais condições de encontrar instrumentos para mitigar o impacto econômico desta nova fase da Covid, com a onda de afastamentos de trabalhadores contaminados.

É a opinião do médico Claudio Lottenberg, do conselho do Albert Einstein, que avalia que o debate sobre o autoteste, cuja liberação foi adiada pela Anvisa na semana passada, pode contribuir para a saúde pública, desde que haja algum tipo de monitoramento.

O médico Claudio Lottenberg durante jantar da 50ª Convenção Anual da Conib, em 2019 - Greg Salibian/Folhapress

Essa nova fase da pandemia traz sinais de que vai acabar? Completamos um ano de vacinação. Uma pandemia deve evoluir, como aconteceu com outras, para o estado de uma endemia. É um processo evolutivo que vai permitindo que a manutenção do vírus exista sem grandes consequências no contexto da convivência da sociedade.

A gente não consegue ainda responder se está de fato nessa condição de equilíbrio. Fora isso, temos que comemorar que conseguimos aprender muita coisa em pouco tempo, como a velocidade com a qual produzimos vacinas. Mas acho que ainda estamos em um cenário muito desafiante.

Hoje, há um impacto forte na economia pela falta de mão de obra. Isso ainda está grave? Sim. Vivemos uma desorganização das cadeias produtivas. Tem um desacerto entre oferta e demanda, falta de insumos, inflação, desafios importantes para autoridades em todos os países.

No médio prazo, em termos de atividade econômica, vamos ter novos padrões comportamentais, diminuição do fluxo de pessoas. As empresas de tecnologia saem ganhando. As demais, a gente não sabe.

Lá no começo da pandemia, alguns empresários e o presidente diziam que era melhor não fechar o comércio nem restringir a circulação para alcançar a chamada imunidade de rebanho. Hoje, tem vacina e a ômicron, mais fraca, mas ainda há impacto na economia. É uma amostra de que lá atrás, também haveria forte abalo econômico? O que a gente teria assistido seriam cadáveres espalhados pela rua, porque a gente não tinha infraestrutura hospitalar suficiente para a complexidade.

Hoje, o cenário é diferente, temos um conhecimento mais profundo sobre o vírus, temos uma capacidade de testagem, que, neste momento, está sendo colocada sob pressão, mas é muito melhor do que era há dois anos.

Neste momento, acho que podemos ter instrumentos que nos ajudem a minimizar esse impacto na economia. Esse vírus é menos agressivo e tem-se uma capacidade de testagem diferente da anterior.

O que pensa sobre a discussão para liberar o autoteste? Se ele for usado dentro de uma ferramenta de saúde pública, ou seja, não sobre a lógica individual, em que a pessoa faz o autoteste e interpreta como bem entende, é uma coisa. Sobre saúde pública, é outra.

Portugal, por exemplo, está tendo autoteste. Tem uma estação de teste em cada esquina como se faz em casa. Se o autoteste deu negativo, e a pessoa tem ainda alguns sintomas, faz o PCR. Se deu positivo, fica isolada.

O autoteste seria muito bom se houvesse um casamento com a autoridade sanitária em que as pessoas tivessem um monitoramento no sentido de entender como se faz o autoexame, soubessem como usar e ele fosse de boa qualidade. Senão, pode representar um risco dentro do conceito de saúde pública.

Seu nome é cotado pela ala do DEM no União Brasil como sugestão de vice do Rodrigo Garcia para o governo de São Paulo, mas teria que competir com o vereador Milton Leite, presidente da Câmara de SP. Tem essa chance? Não é a primeira vez que eu vejo o meu nome sendo lembrado para ocupar posições na estrutura formal pública política brasileira.

Evidentemente que eu tenho um traçado histórico que, provavelmente, mobilize a sociedade para uma iniciativa dessa natureza. Não tive nenhuma conversa nessa frente. Não descarto uma possibilidade de poder participar disso. A única coisa é que eu acho que ainda é muito cedo para tomarmos decisões dessa natureza, até mesmo para os eventuais postulantes a cargos na titularidade, quanto mais para os vices.

O sr., que apoia o Doria, como vê o cenário eleitoral com possibilidade ainda forte de Lula ganhar? Estamos a 11 meses do cenário eleitoral. É verdade que as pesquisas mostram dois candidatos demonstrando maior vitalidade em suas candidaturas, Lula e Bolsonaro. Esse é um quadro definitivo? Eu acho que a história mostra que não é assim que se comportam as eleições.

A campanha começa a partir de março. As duas candidaturas são fortes e existe um desenho para uma eventual terceira via, na qual aparecem outros candidatos, entre eles Moro, Doria, Ciro Gomes.

O sr. está acompanhando esse movimento da United Health para sair do Brasil?  Não participo da empresa já há três anos. Não tenho acesso nenhum. Me desliguei do grupo, portanto, o que estou acompanhando é o que sai pela mídia.

Mas como avalia? Vê nisso algum sinal do olhar do investidor estrangeiro sobre o Brasil? O que eu vejo: existem problemas particulares de uma companhia, que não necessariamente podem se traduzir em uma leitura acerca de investidores dentro do mercado brasileiro.

Acho que seria arriscado tomar um exemplo em particular e generalizar dentro de uma visão de uma perspectiva do que pode representar o país. Acho que o Brasil é um país de muito espaço, particularmente em relação à saúde. Tem um mercado enorme para ser ocupado.

Raio-X

Presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, do Instituto Coalizão Saúde (ICOS) e da Confederação Israelita do Brasil (Conib). É visiting professor da Universidade de Harvard (EUA), professor titular de políticas públicas de saúde do curso do MBA em Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein e membro da Academia de Medicina de São Paulo. Foi presidente da UnitedHealth Group Brasil.

com Andressa Motter e Ana Paula Branco

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