Além do avanço na cotação do barril do petróleo, que impulsiona também o preço do asfalto, o nível de alerta das empresas de construção pesada subiu porque os reajustes do insumo para as obras passarão a ser mensais, em vez de trimestrais. Segundo a Petrobras, a nova frequência começa em abril.
O setor tem avaliado paralisar obras de terraplenagem no país desde o anúncio do mega-aumento dos combustíveis, divulgado no início de março pela estatal.
"É cada vez mais insustentável a manutenção dos contratos em andamento. A gente não consegue absorver um custo desse tamanho. Ou as empresas param a obra, ou reduzem o ritmo ou quebram", diz José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Segundo Carlos Eduardo Prado, gerente do Sinicesp (sindicato da indústria da construção pesada), a importação de asfalto como alternativa à produção nacional é complicada porque exige ampla capacidade de armazenamento, além da liberação do produto de acordo com as especificações técnicas exigidas pelo Brasil.
Ele afirma que o setor estudou trazer asfalto da Rússia a granel, mas teve de desistir por causa da guerra.
Para tentar mitigar o impacto dos aumentos sobre os custos das obras de terraplenagem, o setor tem negociado com órgão de governo formas de antecipar o reajuste dos contratos das prestadoras de serviços com o poder público, que é feito anualmente.
"Os contratos têm uma defasagem para a aplicação do índice. Atrapalha o planejamento econômico e financeiro das empresas, e não tem como restituir o dinheiro na velocidade em que se gasta. Tem que comprar hoje, pagando mais caro, e esperar meses para pegar esse dinheiro e recompor. É uma bola de neve", diz Prado.
Joana Cunha com Andressa Motter e Ana Paula Branco
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