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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Haddad e Marinho agradam empresa e trabalhador em debate sobre aplicativos

Apps sugerem inclusão previdenciária, e profissionais querem reajuste

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São Paulo

No debate sobre a regulamentação do trabalho por aplicativo, o governo Lula encerrou a semana com acenos dos dois lados, tanto das empresas quanto dos trabalhadores.

O encontro do ministro Fernando Haddad (Fazenda) com o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, em Davos, agradou o setor, segundo a Amobitec (associação que reúne empresas como Ifood, 99, Lalamove e Uber). Na reunião, Haddad reforçou o desejo do governo brasileiro de regularizar a situação dos motoristas de aplicativo, sobretudo a previdenciária.

A proposta da Amobitec é incluir os motoristas e entregadores na Previdência Social. "São cerca de 1,4 milhão de pessoas que geram renda com o trabalho intermediado por plataformas e, cuja maioria, segundo pesquisas recentes, não está coberta pelas atuais modalidades de acesso à Previdência", afirma André Porto, diretor-executivo da entidade.

Enquanto isso, em Brasília, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho reuniu-se com representantes dos trabalhadores, que dizem ver no novo governo uma disposição para o diálogo, que estava com as portas fechadas há muitos anos.

"Há seis anos a gente tenta dialogar com os outros governos mas não fomos recebidos. A postura correta é ouvir todos, não só as empresas. Esse governo faz um aceno que nos enche de otimismo. É preciso entender que não somos contra a tecnologia das empresas. Quem briga por direito trabalhista não é contra o avanço tecnológico", diz Gil Almeida, presidente do Sindimoto-SP.

Movimentação de entregadores de aplicativo em São Paulo
Movimentação de entregadores de aplicativo em São Paulo - Mathilde Missioneiro - 16.mar.2021/Folhapress

Segundo ele, a questão previdenciária é um dos problemas a serem resolvidos, mas não esgota as demandas do trabalhador.

"O carro-chefe não é a seguridade. A prioridade é o reajuste salarial. A gente é dono da moto, do celular, paga a internet, IPVA, manutenção e o combustível, que subiu. Mas a nossa remuneração pelas empresas está estacionada há sete anos, e os algoritmos jogam os preços do serviço para baixo. A seguridade sozinha não vai resolver o problema", afirma Almeida.

O MID (Movimento Inovação Digital) contesta a fala do representante dos entregadores. Vitor Magnani, presidente da entidade, que representa mais de 150 empresas como 99 e Zé Delivery, diz que é preciso dialogar com "os trabalhadores de apps que não se veem representados pelas estruturas sindicais existentes".

"Não podemos correr o risco de enquadrar essa nova forma de trabalho em regulações antigas que não atendem às novas demandas da sociedade, sob pena de acabarmos com um modelo de negócio que inclui milhões de brasileiros e brasileiras na economia", diz Magnani.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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