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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Dona da Animale processa Shein por copiar suas roupas

Grupo Soma acusa plataforma asiática de abordar fornecedores de sua grife de luxo para produzir peças similares por preços mais baixos; Shein nega

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São Paulo

O Grupo Soma moveu uma ação judicial contra a Shein por, supostamente, vender cópias de roupas da grife Animale em suas plataformas. A companhia acusa a companhia asiática de abordar seus fornecedores para copiar as roupas produzidas e vendê-las por um preço muito menor.

No pedido à 1ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem do Tribunal de Justiça de São Paulo, o Soma tenta, há pouco mais de um ano, reverter o que considera uma violação de direitos autorais.

A Shein é uma das maiores plataformas do varejo de moda no mundo
A Shein é uma das maiores plataformas do varejo de moda no mundo - Dado Ruvic/Reuters

Inicialmente, fornecedores do Soma encaminharam ao grupo um documento da Shein no Brasil com indicações dos tipos de roupas que seriam reproduzidas e as marcas da campanha utilizada pela Animale para serem vendidas no ecommerce. Segundo o Soma, as roupas foram utilizadas pela Animale na coleção de verão 2024.

A Shein é representada pela In Glow Brasil Intermediação de Negócios, que negou a violação da marca. No processo, ela afirmou que a marca Animale seria utilizada apenas como referência aos produtos feitos pela companhia. O material serviria para avaliar tendências de mercado.

O Soma afirma que, no documento aos fornecedores, a Shein pedia que as peças fossem reproduzidas com outros tecidos. A ideia era alcançar preços inferiores aos praticados pela Animale, que trabalha com um público segmentado, de alto padrão e com peças exclusivas.

No documento estavam contidas imagens utilizadas em campanhas da Animale, com as mesmas modelos e roupas do site da companhia, porém com a indicação de preço que se buscava na operação.

No documento enviado aos fornecedores do Grupo Soma, a Shein indicava o tipo de roupa que pretendia utilizar usando como base coleção da Animale
No documento enviado aos fornecedores do Grupo Soma, a Shein indicava o tipo de roupa que pretendia utilizar usando como base coleção da Animale - Reprodução/Imagens Anexas ao Processo

Algumas das roupas continham um preço de produção que variava entre R$ 15 e R$ 35 por peça. Outros estavam em torno de R$ 35 a R$ 60 —um dos vestidos apontados custa quase R$ 1.800 no site da Animale.

Em 31 de julho, foi realizada uma audiência entre as empresas. O Soma afirma, no processo, que representantes da Shein no Brasil reconheceram a existência do briefing, mas indicaram que o documento foi enviado por uma funcionária de forma indevida e não endossada pela companhia.

A funcionária que assinou o documento aos fornecedores disse, em juízo, que foi instruída pela chefia a distribuir o material e desmentiu as alegações da Shein. Ela afirmou, no entanto, que os disparos foram feitos pelo seu WhatsApp pessoal.

Para a Shein, o documento era uma espécie de benchmarking, método utilizado por empresas para fazer pesquisas de mercado e analisar o que é produzido entre os concorrentes.

O Soma discorda e afirma que, embora estejam em lados opostos na composição de preços dos produtos, as empresas atuam no segmento da moda, de forma que o recorte por preço não seria um limitador de público, mas apenas uma forma de acabar expandindo o consumidor-alvo e beneficiar a Shein.

Além disso, por trabalhar somente com peças exclusivas, a companhia poderia perder clientes que se recusariam a comprar algo encontrado por um valor muito menor ou que tenha perdido o caráter de peça única.

Além de pedir que a Shein pare de enviar pedidos aos fornecedores do Soma, o grupo também pede que todo e qualquer uso da marca Animale, bem como de materiais publicitários parem de circular nas plataformas da Shein.

O Soma também pede indenização por danos morais e materiais.

Outro lado

A Shein disse que está ciente das alegações feitas pelo Grupo Soma, que leva a sério as questões de propriedade intelectual e sempre busca operar dentro das leis e regulamentações aplicáveis em todos os mercados onde atua.

"Reiteramos nosso compromisso com a transparência, a ética empresarial e o respeito pelos direitos de todas as partes envolvidas. Não comentaremos detalhes específicos sobre processos judiciais em andamento, mas acreditamos que os esclarecimentos necessários serão trazidos à luz no curso adequado."

Consultado, o Grupo Soma não quis se manifestar.

Com Diego Felix

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