O Sars-CoV-2, coronavírus responsável por uma verdadeira tragédia, já contagiou 7 milhões de pessoas ao redor do mundo. Ele não se fez de rogado quando se apropriou da vida de chineses, americanos, franceses ou brasileiros. Em apenas 3 meses, reivindicou os direitos de solo e de sangue, prosseguindo destemido por 188 países. Não elegeu cor ou idade, não poupou magros, gordos, altos ou baixos.
Enquanto continua passando muitas vezes despercebido entre homens ou mulheres, crianças, adolescentes e velhinhos, vai cerceando a respiração dos povos, causando milhares de mortes sem discriminação, e por isso não pode ser denunciado por racismo.
Enquanto isso, humanos afetados pelo ódio, ignorando interesses públicos, se comportam como vulgares parasitas da sociedade, sufocando o povo com abusos de autoridade, descasos e ironias, gerando preconceitos, injustiças e mortes.
Aqui no Brasil, por exemplo, a insensatez de nossas autoridades perambula do egocentrismo ao desvario. Estão convencidas de que a pandemia, notoriamente mundial, só existe para perturbar a economia brasileira e derrubar o governo Bolsonaro.
Alguns próximos de Brasília preferem ver a falta de consenso científico que invadiu centros de pesquisa ao redor do mundo sobre o uso da cloroquina para tratar a Covid-19 como um complô contra o presidente desta República, cada vez mais bananeira...
Mentes republicanas de tendência conspiratória acreditam que a China, o maior parceiro comercial do Brasil, arquitetou um plano infalível para dominar o Ocidente, criou o vírus chinês em laboratório, para estimular as exportações e espalhar definitivamente, com o auxílio da esquerda, o comunismo no Brasil!
O mais novo contrassenso vem do Ministério da Saúde. Ele diz respeito à crença de que os registros de óbitos pelo coronavírus estão inflados no Brasil porque muitos deles seriam na realidade devidos à mortes por outras doenças, catalogadas como Covid-19 para beneficiar municípios e estados que receberiam mais recursos do governo.
A exemplo da Coreia do Norte, que decidiu que não há mortos por lá, o desempenho da Esplanada dos Ministérios e do Planalto mostra uma verdadeira alienação do nosso governo e a falta de capacidade de apreciação do drama vivido há quase seis meses pela comunidade mundial.
Como consequência, para calar a mídia, nossas autoridades atrasam a liberação de dados coletados pelo Ministério da Saúde a partir dos laboratórios centrais dos estados, para esconder o tamanho da catástrofe, incorrendo em mais um crime de responsabilidade.
Para culminar, além do governo e comitiva terem instigado uma guerra de ciências e de números no Brasil, ignorando a experiência de profissionais da saúde e cientistas do mundo inteiro, os ânimos acirrados da população criam polêmicas em condomínios.
Assim, as tensões se voltam sobre os síndicos a respeito da flexibilização e instalam uma polarização ideológica entre os vizinhos que querem relaxar o isolamento e os que querem evitar aberturas de áreas comuns. As passeatas, as carreatas e os protestos irresponsáveis, num momento de pico de transmissão do coronavírus e a falta de noção do governo brasileiro, provocam perdas imensas. A maior delas, a de nossos entes queridos. Perdemos também dinheiro, perdemos bom senso e até o verde-amarelo estão nos furtando! Mas o mais grave é a perda de vergonha na cara!
Decididamente, neste período de pandemia geopolítica, depois do protagonismo do coronavírus, da quarentena e das conspirações, o Brasil não será mais o mesmo. Eu duvido que sairá fortalecido desta crise mundial, mas sugiro que, por enquanto, continuemos a usar máscaras, escudos e todas as armas para nos proteger do coronavírus e dos parasitas!
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