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Descrição de chapéu câncer

O convite para assumir e garantir a perenidade da Abrale

Merula Steagall nos deixou fisicamente em 2022, mas continua me recordando do cuidado da saúde das pessoas como propósito de vida

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Catherine Moura

Médica sanitarista e CEO da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale)

Conheci Merula Steagall em 2021. Na época, ela era fundadora e presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) e líder da maior coalização em oncologia do país, o Movimento Todos Juntos Contra o Câncer.

Foi um encontro de almas, que me traria novamente para acompanhar mais de perto a jornada dos pacientes com câncer, uma realidade muito marcante em minha vida.

duas mulheres brancas se abraçam em casa
A médica sanitarista Catherine Moura em encontro em 2022 sobre sucessão de Merula Steagall (à direita) no comando da Abrale - Arquivo pessoal

Merula travava uma luta conta as complicações da talassemia maior, tipo grave e raro de anemia hereditária que já afetava a integridade de sua saúde. Vendo necessidade de apoio para continuidade da obra iniciada, me convidou para, ao seu lado, assumir a Abrale e liderar os projetos de apoio a milhares de pessoas que enfrentam um câncer do sangue, como as leucemias e os linfomas.

Dessa maneira, esta reconhecida empreendedora social colocava em prática o plano de sucessão organizacional e, assim, investia na perenidade da Abrale.

Aceitei o convite com grande entusiasmo. Sabia que os desafios seriam diversos porque embora os avanços da ciência sejam evidentes, ainda há muito a ser feito para a ampliação do acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento oportuno de maneira igualitária, especialmente no âmbito do SUS.

Mas eu também acreditava –e acredito– que com informação e políticas públicas mais eficientes é possível alcançarmos este objetivo.

A primeira vez que ouvi falar sobre câncer era bem pequena. Descobri, vendo fotos da minha avó paterna no álbum antigo da família, que ela havia sofrido muito com um câncer metastático e ficou anos em cuidados paliativos até o falecimento.

A partir desse momento, e nos anos seguintes, uma sucessão de diagnósticos oncológicos passou a ser comunicada à nossa família durante os almoços ou cafés de domingo, ao redor da mesa, como se fosse uma notícia como outra qualquer.

Desde cedo, entendi que cuidar da saúde das pessoas era meu propósito de vida e minha responsabilidade social. Por este motivo, fiz medicina e, como médica, vivi experiências enriquecedoras, seja no consultório com o paciente, na gestão em saúde, no setor público ou no privado, ou por meio de atuação em políticas públicas de proteção social e de saúde.

No final de 2022, Merula nos deixou fisicamente. Mas sua presença diária, como amiga e inspiradora, continua me recordando da importância de seguirmos neste propósito.

Como ela sempre dizia, poder ajudar é um privilégio, e como CEO da Abrale e sanitarista, sem sombra de dúvidas esta é uma das minhas principais missões.

Na Abrale, continuamos sendo 100% de esforço onde houver 1% de chance. Completamos 20 anos de trajetória, transformamos milhares de vidas, seja participando ativamente para a inclusão de novas terapêuticas ou na realização de estudos que contribuem para a elucidação da situação da atenção oncológica no país.

As campanhas de conscientização, assim como os debates públicos com especialistas e governo, têm sido nossa prioridade para ajudar na ampliação do direito à saúde integral, no país.

Por fim, não custa lembrar que são muitas as lições aprendidas quando lidamos diariamente com a jornada oncológica. Destaco duas: somos mais do que a condição de saúde que temos, a doença não nos define; e o adoecimento faz parte da condição humana, somos todos potenciais pacientes.

Isso muda tudo, até o sentido do viver. Convido o leitor a conhecer mais sobre esta trajetória em www.abrale.org.br.

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