No dia 30 de março de 1981, John Hinckley  Jr  abriu fogo contra o então presidente Ronald Reagan na saída de um hotel em Washington e atingiu líder americano e mais três pessoas.

Reagan foi atingido por uma bala, que quebrou uma de suas costelas e perfurou seu pulmão, causando hemorragia interna. Mas ele se recuperou em alguns dias. 

A taxa de aprovação de Reagan subiu 11 pontos, segundo pesquisa do Washington Post-ABC, dois dias após o atentado, e chegou a 73%.

Naquela era pré-internética, contava-se apenas com a força das imagens da TV e de fotos para amplificar a cena. E mesmo assim, foram 11 pontos porcentuais.

(Fotos de autoria do brasileiro Sebastião Salgado, aliás.)

O atirador tinha distúrbios psiquiátricos e afirmou ter tentado matar Reagan para chamar a atenção da atriz Jodie Foster. Ele teria ficado obcecado pela atriz após ela participar do filme Taxi Driver, aos 12 anos.

O protagonista de Taxi Driver, Travis Bickle (Robert de Niro) foi inspirado em Arthur Bremmer, que tentou matar o então governador do Alabama, o segregacionista George Wallace.

O atirador não era do partido Democrata, nem estava decidido a matar um republicano – anteriormente, ele tinha seguido o então presidente Jimmy Carter, um democrata. O negócio era matar um presidente, qualquer um. Hinckley Jr ficou confinado em um hospital psiquiátrico até ser solto, dois anos atrás.

Jair Bolsonaro não é presidente, é candidato. Mas é de se esperar que a ampla difusão das imagens de Bolsonaro sendo atingido por uma facada aumentem, e muito, sua posição nas pesquisas de intenção de voto.

Assim pensa o mercado financeiro, que, fã do alardeado livre-mercadismo de Bolsonaro, levou a Bovespa a fechar em alta de 1,71% e o dólar, em baixa de 1,1%.

Adelio Bispo, que esfaqueou Bolsonaro, não é obcecado por Jodie Foster. Mas ele tem certeza de que a grande conspiração maçônica é responsável por tudo de ruim que acontece no mundo. “Onde se vê (sic) estes banhos sangue ocorrendo, é sinal que maçonaria está reinando”, disse ele, em post em seu Facebook, do dia 21 de julho.

Ele tem “projetos”.” "Sem sem sobra de dúvida, um dos meus projetos tende a beneficiar os brasileiros nesta condição, a construção de cidades para entregar para este público que hoje não tem nem onde morar , que dirá poder financeiro para constituir uma família”, diz no Facebook.  

E ele tem certeza de que a senadora Ana Amélia, vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), está “roubando” seus projetos. “Ana Amélia é ladra de projetos, publicados em rede social, como este Face aqui”, escreveu alguns dias atrás.

Segundo relatos, Bispo diz ter esfaqueado o candidato do PSL “a mando de deus”. Em entrevista no G1, o marido da sobrinha de Bispo disse:

"Já sabia que um dia ia acontecer qualquer coisa, ele já 'pegou faca' pra irmã dele. A família humilde, pobre, não tem ninguém pra internar, aconteceu isso. Eu acho que é de tanto ler a Bíblia. Acho que ele lia a Bíblia de trás pra frente, de frente pra trás. Não é normal, não."

Bispo postava inúmeros comentários contra Bolsonaro, contra “coxinhas”, contra Alexandre Frota, e rasgados elogios ao ditador venezuelano, Nicolás Maduro.

Ele foi filiado ao PSOL e tem em seu Facebook diversas fotos de camisetas “Lula Livre” e postagens a favor da esquerda.

Mas faço uma pergunta: será que ele é muito diferente do sujeito que tentou matar o Reagan para impressionar a Jodie Foster? Será que ele esfaqueou o Bolsonaro porque é de esquerda, ou porque tem algum distúrbio?