Nos anos Lula, o aparato diplomático se empenhou para angariar apoio para uma reforma do Conselho de Segurança da ONU e uma vaga permanente para o Brasil no órgão. Seria a forma de democratizar um dos principais órgãos multilaterais do mundo e atualizá-lo. Essas instituições refletem o mundo como era 70 anos atrás, no pós guerra, e não tem representação proporcional de potências emergentes como o Brasil e a Índia.
Foram várias gestões junto a muitos países. Mas não se chegou a lugar nenhum. O ex-presidente Barack Obama chegou a apoiar a entrada da Índia no Conselho de segurança. Mas sobre o Brasil, nunca houve nenhuma declaração mais assertiva.
Neste governo, a ideia é se juntar aos países ricos, de tradição judaico-cristã, e acabar com os pleitos típicos de emergentes ou aproximação sul-sul. Por isso, o acesso à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) –que foi impulsionado durante o governo Temer– seria o troféu ideal.
Além de ser a admissão triunfal no clube dos ricos, a entrada na OCDE seria a sinalização perfeita para os investidores estrangeiros, já encantados com todos os gestos do superministro da Economia, Paulo Guedes.
Para entrar na OCDE, o Brasil teria de adequar várias de suas políticas macroeconômicas e regulações e rezar pela cartilha da ortodoxia fiscal. Esse processo de adequação já está avançado.
Ate hoje, os Estados Unidos têm resistido à entrada do Brasil, e, de forma geral, à ampliação da OCDE.
Mas a promessa brasileira de transferir sua embaixada em Israel para Jerusalém, além de alinhamento em votos na ONU, seria uma boa moeda de troca para conseguir o apoio americano à entrada do Brasil na OCDE. Em uma possível visita presidencial de Bolsonaro a Donald Trump, em março, seria a coroação da aproximação entre os dois países.
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