Patrícia Campos Mello

Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA. É vencedora do prêmio internacional de jornalismo Rei da Espanha.

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Brasileiro quer saber de ir para Disney e não está nem aí para a OCDE ou a OMC

Pesquisa mostra as percepções sobre a viagem de Bolsonaro aos EUA

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Visitantes em frente ao Epcot Center, parte do Walt Disney World, na Flórida - Adrees Latif - 15.jun.2016/Reuters

Na semana passada, enquanto analistas gastavam horas debatendo se o Brasil cedeu demais para os Estados Unidos ao abrir mão de seu tratamento especial na Organização Mundial do Comércio, o brasileiro real tinha preocupações bem mais palpáveis.

Uma pesquisa da Ideia Big Data sobre a visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos mostra que, para 24% dos entrevistados, a principal medida positiva resultante da viagem seria a isenção de vistos para os brasileiros que viajarem aos EUA.

Mas isso não aconteceu nem vai acontecer tão logo.

No ano passado, 12,7% dos vistos pedidos por brasileiros foram negados. A taxa de rejeição de vistos – que também é ligada à situação econômica do país e política migratória dos EUA –era de apenas 3,2% em 2013 e 2014, saltou para um pico de 16,7% em 2016 e para 12,34% em 2017.

Americanos argumentam que não podem incluir os brasileiros no programa de isenção de vistos, porque uma das exigências é uma taxa de rejeição de vistos abaixo de 3% —indicativo de que menos pessoas com perfil de imigrante ilegal estariam tentando viajar aos EUA. 

Nem o programa Global Entry saiu. Trata-se de um programa que facilita a entrada de viajantes frequentes aos EUA, pré-aprovados, mas não os isenta de visto. Mediante pagamento de taxa, o viajante não passa pelos oficiais de imigração nem enfrenta fila. Argentina, Índia e Colômbia são alguns dos países que fazem parte do programa.

Por outro lado, Bolsonaro anunciou a isenção de vistos para americanos, o que causou grande gritaria.

Não porque as pessoas sejam contra a medida, mas porque acham injusto ela não ser recíproca.

Na pesquisa da Ideia Big Data, 68% dos entrevistados concordam com a frase: “A iniciativa do governo brasileiro de isentar o visto de turismo para os americanos é uma medida positiva”.

Mas 72% dos participantes da pesquisa concordam com a seguinte frase: “Se o Brasil isentar o visto de turismo para os americanos(as), é justo e esperado que os Estados Unidos isentem o visto de turismo para os brasileiros(as).”

A isenção de visto, aliás, nem era uma demanda americana. O plano de eliminar unilateralmente a necessidade de vistos para turistas americanos, canadenses, japoneses e australianos vem do governo Temer. Era uma reivindicação do ministério do Turismo e de empresários do setor, que sofria resistências do Itamaraty devido à falta de reciprocidade. O objetivo era simplesmente aumentar a receita com turismo no Brasil. Agora, em meio às picuinhas entre Executivo e Legislativo, a medida corre o risco de ser barrada pelo Congresso.

A pergunta sobre o que seriam resultados positivos foi de resposta espontânea. A isenção de vistos para brasileiros foi o item mais citado (24%), mas 63% disseram não saber qual seria um resultado positivo, 8% apontaram para mais comércio do Brasil com os EUA, 3% para uma parceria com a CIA, a agência de inteligência americana, e 1% para isenção de vistos para americanos.

A pesquisa foi realizada do dia 17 a 21 de março com 2.300 entrevistados em 121 cidades (a visita foi do dia 17 ao 19). 

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