Os Estados Unidos frequentemente são criticados por usar o tema dos direitos humanos como arma, de forma seletiva. O governo americano critica a China por seu tratamento à minoria muçulmana dos uighurs. De fato, a perseguição aos uighurs e os campos de detenção na província de Xinjian são uma violação crassa dos direitos humanos.
Washington também critica as violações cometidas pelo governo do Irã, onde gays podem ser condenados à morte. De novo, críticas mais do que justificadas. No entanto, o mesmo governo americano silencia sobre as violências cometidas pela Arábia Saudita – como, por exemplo, o assassinato do jornalista dissidente Jamal Khashoggi, patrocinado pelo príncipe regente, Mohammed bin Salman.
Pois bem, parece que o Brasil está aprendendo direitinho com seus grandes aliados em Washiongton como usar de forma hipócrita a bandeira dos direitos humanos.
O Itamaraty soltou uma nota nesta quinta-feira (17) celebrando a reeleição do Brasil para o Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Na mesma nota, o governo brasileiro aproveita para atacar a Venezuela do ditador Nicolás Maduro, que também garantiu sua vaga no Conselho. “Infelizmente, para a segunda vaga reservada ao grupo latino-americano e caribenho, foi eleita a Venezuela do regime ilegítimo de Nicolás Maduro. Tal fato revela que ainda há muito a ser feito para a conscientização da comunidade internacional a respeito do estado catastrófico dos direitos humanos naquele país e mostra as deficiências do sistema multilateral na área dos direitos humanos, por cuja correção o Brasil trabalhará.”
De novo, críticas mais do que justificadas, diante de um governo que persegue e prende opositores, e está levando sua população a morrer de fome.
No entanto, na mesma nota diplomática, o governo brasileiro “cumprimenta” países notórios por suas violações de direitos humanos, como a Líbia, o Sudão e a Mauritânia. “O governo brasileiro cumprimenta Alemanha, Armênia, Coreia do Sul, Japão, Ilhas Marshall, Indonésia, Líbia, Mauritânia, Namíbia, Países Baixos, Polônia e Sudão, que também ganharam assento no órgão.”
A Líbia está sem um governo que efetivamente governe desde a intervenção das potências ocidentais que levou à queda do ditador Muamar Gadafi – milícias se digladiam para controlar diversas partes do país, onde há escravização de migrantes, morte de opositores e jornalistas cotidianamente.
Na Mauritânia, homossexualidade é crime e homens que fazem sexo com homens podem ser condenados à morte por apedrejamento. No Sudão, manifestantes são rotineiramente presos e torturados, assim como jornalistas.
Dá para cumprimentar esse pessoal?
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