Pedro Hallal

É epidemiologista, professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

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E se tivesse rebaixamento na Copa América?

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A primeira edição da Copa América de Futebol Masculino foi disputada em 1916. O Uruguai é o maior campeão, com 15 títulos, seguido pela Argentina, com 14, e pelo Brasil, com 9 títulos. Assim como a maioria dos torneios de futebol entre seleções, a Copa América não possui rebaixamento. Em 2021, a 47ª edição estaria programada para os meses de junho e julho, tendo uma sede compartilhada entre Argentina e Colômbia. No entanto, em razão da pandemia de coronavírus, é pouco provável que o torneio ocorra nas datas previstas.

Aproveitando a estrutura da Copa América, resolvi então fazer uma comparação entre os países que historicamente participam da competição, utilizando os números da Covid-19. Já que os países são de tamanho e população muito variados, optei por padronizar o campeonato, apresentando todos os resultados por um milhão de pessoas.

Como a Covid-19 é uma pandemia muito dinâmica, optei por usar dois indicadores para avaliar as seleções: (1) o total de mortes no país por um milhão de habitantes; (2) a média móvel de mortes nos últimos sete dias por um milhão de pessoas. O primeiro indicador avalia o desempenho da seleção nesses 12 meses de pandemia, enquanto o segundo indicador avalia o desempenho atual de cada país.

No indicador de mortes acumuladas desde o início da pandemia, a disputa é parelha. O Peru teve o pior resultado, com 1.502 mortes por um milhão de pessoas. O Brasil veio a seguir, seguido por um empate técnico entre Colômbia e Argentina. Os melhores desempenhos, disparadamente, foram do Uruguai (215 mortes por um milhão de habitantes) e Venezuela (51 mortes por um milhão de habitantes). O segundo indicador foi bastante desparelho. A seleção brasileira perdeu de goleada, com uma média móvel de 10,52 mortes por dia para cada um milhão de habitantes, praticamente o dobro do penúltimo colocado, o Peru, com 5,34.

Ao olharmos para nossas fronteiras, veremos que somos um risco à saúde da região. A média diária de mortes no Rio Grande do Sul é 10 vezes maior do que o observado nos vizinhos Uruguai e Argentina. A média no Paraná é 4 vezes maior do que a observada no Paraguai. A média no Mato Grosso do Sul é 9 vezes maior do que a da Bolívia. Somando Amazonas e Roraima, a média de mortes diárias e 4,5 maior do que a observada na Colômbia e 30 vezes maior do que a observada na Venezuela.

Uma coisa que chama atenção é que os “treinadores” das “seleções” da América do Sul são de “escolas” bastante distintas. Mas independente da “escola”, nenhum conseguiu ser tão incompetente quanto o treinador da seleção brasileira. Aliás, ao longo desses 105 anos de história, muitos treinadores perderam seus empregos em decorrência de maus desempenhos na Copa América.

Não tem rebaixamento na Copa América, mas se tivesse, o Brasil seria rebaixado.

O problema é que a realidade é muito diferente da história aqui descrita. No mundo real, a incompetência do nosso treinador causa fome, causa desemprego, causa inflação, causa colapso no sistema de saúde e causa mortes, muitas mortes.

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