Pedro Hallal

É epidemiologista, professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

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Pedro Hallal

Atividade física e Covid-19

Pessoas ativas possuem menos risco de hospitalização e de morte por Covid-19

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Em 2012, a revista científica The Lancet publicou uma série de seis artigos sobre atividade física e saúde. Mostramos, naquela publicação, que 5,3 milhões de mortes por ano no mundo eram causadas pela inatividade física.

Só para que os leitores tenham um padrão de comparação, a inatividade física mata tanto quanto o cigarro. Mostramos ainda que 80% dos adolescentes no mundo eram fisicamente inativos, ou seja, praticavam menos atividade física do que o recomendado para a idade.

Encerramos a série de artigos declarando que o mundo vivia uma pandemia de inatividade física. Lá em 2012, nunca imaginávamos que o termo pandemia se tornaria tão conhecido dez anos depois. E jamais poderíamos imaginar que existiria uma sinergia tão grande entre as pandemias de inatividade física e de coronavírus.

Desde o princípio da pandemia de coronavírus, já suspeitávamos que a atividade física poderia diminuir o risco de casos graves de Covid-19, tendo em vista: (a) seu efeito positivo sobre o sistema imune; (b) seu efeito anti-inflamatório; (c) seu papel na redução do risco de hipertensão arterial, diabetes e obesidade, três fatores de risco para casos graves de Covid-19. Logo a seguir, notamos que o exercício físico era fundamental na recuperação dos pacientes infectados pelo coronavírus. Vários pesquisadores, no Brasil e no mundo, começaram a produzir ciência sobre os efeitos da atividade física em relação à Covid-19.

Um estudo publicado agora em abril, que acompanhou 48 mil casos de Covid-19 nos Estados Unidos, confirmou nossas suspeitas. Os participantes que eram fisicamente inativos antes da pandemia tiveram um risco 2,5 maior de óbito por Covid-19 em comparação àqueles que eram ativos antes da pandemia. Dos 3118 participantes que eram ativos antes da pandemia, apenas 11 (0,4%) morreram de Covid-19. Já entre os 6984 que eram inativos antes da pandemia, 170 (2,4%) morreram de Covid-19. A inatividade física também aumentou o risco de hospitalizações por Covid-19 e de internação em UTIs.

O efeito negativo da inatividade física sobre Covid-19 foi mais grave do que o impacto das doenças cardíacas, câncer, diabetes, hipertensão arterial, tabagismo e obesidade. Somente a idade avançada e o histórico de transplante de órgãos geraram mais risco de óbito por Covid-19 do que a inatividade física. Na Inglaterra, outro estudo com mais de 400 mil pacientes também mostrou que aqueles mais ativos tinham menos risco de Covid-19 grave.

Crescem também os estudos sobre as sequelas da Covid-19. Ambulatórios para atendimento de pacientes pós-Covid-19 têm surgido em várias cidades brasileiras. É essencial que esses locais estimulem e promovam a prática de atividade física, para que os pacientes se recuperem mais rapidamente nessa fase pós-Covid-19.

A corrente por Paulo Gustavo

Um dos brasileiros mais talentosos da atualidade luta, há mais de um mês, contra a Covid-19. Raras são as pessoas que conseguem estar entre as melhores do mundo na sua área de atuação: o Paulo Gustavo é uma delas. Os milhões de brasileiros que gargalharam em suas atuações memoráveis, hoje aguardam ansiosos por boas notícias. Nem que seja com “sweet french fries soup”, que o Paulo Gustavo se recupere logo.

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