Pedro Hallal

É epidemiologista, professor da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas e coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil.

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Pedro Hallal

Sempre que as pessoas ensaiam otimismo, surge uma variante para atrapalhar

Precisamos ter paciência, mas hoje estamos mais próximos do final do que do início da pandemia

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Em suas entrevistas coletivas diárias, o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta costumava alertar que a pandemia de coronavírus seria longa. Aliás, quanta saudade daquela época, em que um dirigente do alto escalão do governo federal dialogava abertamente sobre a crise sanitária com a população, passando informações realistas sobre a pandemia. Por mais que as notícias não fossem boas, havia um direcionamento, uma voz lúcida, que não escondia a realidade.

Passado um ano e meio, a verdade é que a pandemia está exigindo muita paciência de todos nós. Cada vez que os números começam a cair, surge uma nova variante e parece que voltamos à estaca zero. Se continuar nesse ritmo, todos saberemos o alfabeto grego do início ao fim.

Mas o motivo de eu escolher esse tema para a coluna de hoje é exatamente mostrar para as pessoas que não voltamos à estaca zero e estamos mais próximos do final do que do início da pandemia. Precisamos ter paciência, mas temos que reconhecer que a situação hoje é melhor do que a vivida alguns meses atrás.

Como a ciência vem dizendo há muito tempo, sairemos dessa pandemia salvos pela vacinação. Quando algo entre 70% e 80% da população brasileira estiver vacinado com as duas doses, a situação vai melhorar muito. O número diário de mortes, por exemplo, talvez seja contado em dois dígitos, e não mais em três ou quatro, como infelizmente nos acostumamos. Os serviços de saúde estarão mais tranquilos e, aos poucos, vamos aprender a “tirar a rodinha da bicicleta” e voltar a viver normalmente.

É possível, e até provável, que tenhamos que tomar uma terceira dose. Também é possível que, dentro de alguns meses ou anos, tenhamos que nos vacinar contra Covid-19 novamente. Sim, mas tudo isso será feito numa situação de normalidade, sem desespero.

Mas para chegar lá, precisamos relembrar alguns conceitos importantes:

1. A pandemia não acabou. Portanto, use máscaras, evite aglomerações, mantenha distância segura e higienize as mãos.

2. A vacinação precisa ser completa. Se você ainda não se vacinou, faça isso logo. Se você tomou a primeira dose e não tomou a segunda, faça isso logo. E tente convencer seus familiares e amigos a fazerem o mesmo. Ninguém estará seguro enquanto todos não estiverem seguros.

3. Se apresentar sintomas gripais, faça um teste de RT-PCR e peça para as pessoas com as quais você teve contato na última semana fazerem o mesmo. A testagem precoce evita a disseminação do vírus.

Essas mensagens são repetitivas, mas extremamente importantes para evitarmos uma nova explosão de casos. A variante delta segue causando estragos e colocando em risco os benefícios da nossa campanha de vacinação. Não é hora de baixar a guarda.

Por fim, eu não poderia deixar de repercutir aqui a mensagem da FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos), que relembra que a ivermectina não deve ser utilizada para prevenir ou tratar Covid-19. Embora isso seja de conhecimento público há meses, ainda há alguns insistentes que seguem expondo às pessoas a esse devaneio do tratamento precoce.

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