Fico pensando como seria o diálogo entre esses dois gênios brasileiros, ao se encontrarem no paraíso...
Paulo Gustavo: Seja bem-vinda, Marília. Imagino que ainda estejas confusa com isso tudo, mas já lhe aviso que, com o tempo, vais acabar acostumando. Como você veio parar aqui, tão cedo?
Marília: Tu nem imaginas. Estava indo fazer um show e o avião caiu, bem pertinho da pista de pouso. Parece que batemos num fio de energia.
Paulo Gustavo: Desculpa a intromissão, mas vou ter que perguntar, você sabe como eu sou, né; qual a sua idade?
Marília: 26 anos. E você, tem (ou tinha) quantos anos quando aconteceu?
Paulo Gustavo: 42 anos, mas com corpo de 41 e mente de 30. Menina, conta como está o Léo? Ele tem, tipo, 2 anos, né?
Marília: Sim, está prestes a fazer 2 anos. Fico pensando se ele vai lembrar de mim.
Paulo Gustavo: Olha querida, é óbvio que ele vai lembrar de você. Aliás, o Brasil inteiro vai sempre lembrar de você. Fazia tempo que, daqui de cima, eu não via comoção tão grande em nosso país. Ninguém é a mais ouvida do país por acaso, né?
Marília: Tomara que ele lembre. Eu, com certeza, vou lembrar dele todos os dias. Só espero poder acompanhar o crescimento dele daqui.
Paulo Gustavo: Pois então, eu acompanho o Romeu e o Gael todos os dias... fico horas e horas os vendo crescerem. E, claro, fico de olho no Thales também... você sabe, deve estar sendo difícil para ele, né?
Marília: Sabe... acompanhar o crescimento do Léo vai ajudar a passar o tempo. Aliás, conversar com você já está ajudando. Muito obrigada. Me diz uma coisa: me conta melhor o que aconteceu com você, como você veio parar aqui. Eu só fiquei sabendo pela mídia.
Paulo Gustavo: Bem, eu peguei Covid-19 e acabei não resistindo em maio desse ano. Lutei muito para sobreviver, tentei de todas as formas, mas não deu.
Marília: Mas você já estava vacinado?
Paulo Gustavo: Não, infelizmente não tinha chegado a minha vez ainda. Naquela época, o Brasil vacinava poucas pessoas, porque tínhamos demorado para comprar vacinas. Sabe, parece que o pessoal não acreditava nas vacinas.
Marília: Pior que até hoje isso segue. Dias desses o presidente relacionou vacinas com HIV, o vídeo foi até excluído do YouTube. Eu, pelo menos, tive a chance de tomar as duas doses. Espero que as minhas fotos tomando a vacina tenham ajudado a estimular que os meus fãs se vacinem. Você sabe, né, como figuras públicas, nossas posições servem de inspiração para outros...
Paulo Gustavo: Isso mesmo. Se tivesse chegado a minha vez, eu teria postado foto, vídeo, TikTok, Insta, Twitter, Whats, bem do meu tipo "cheguei". Como eu queria ter tido a chance de tomar a vacina.
Marília: Tu não tens ideia de como o Brasil ficou triste com a tua partida. A Dona Hermínia era quase um familiar de todos nós.
Paulo Gustavo: Fico feliz de saber que, pelo menos por alguns minutos, o meu trabalho ajudou as pessoas a se divertirem, especialmente num país tão triste como o nosso se tornou. Sei lá, como conseguimos errar tanto?
Marília: Sabe que eu pensava a mesma coisa? Que as minhas músicas, pelo menos, ajudavam as pessoas a ter um momento de diversão, no meio de uma sociedade tão doente, tão injusta, desigual.
Paulo Gustavo: Mas sabe de uma coisa, Marília? Com a sua chegada por aqui, "o dia amanheceu tão lindo; eu durmo e acordo sorrindo".
Marília: Assim você me faz chorar, ou rir, sei lá: e "rir é um ato de resistência".
[Ambos se abraçam...]
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