Pedro Diniz

Jornalista com formação em comunicação audiovisual pela Universidade de Salamanca (Espanha).

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Moda sustentável dá salto com aplicação de fibra biodegradável em calçados

O mercado de moda sustentável deve dar um salto gigantesco rumo à produção de peças ecologicamente corretas. A indústria química Rhodia acaba de lançar uma versão do seu fio de poliamida biodegradável, o Amni Soul Eco, para uso em calçados.

Fruto de uma parceria entre a empresa, que pertence ao grupo belga Solvay, a grife Insecta, especializada em sapatos veganos, e a tecelagem Innovativ, a novidade pode mitigar danos no descarte de calçados. Segundo a Rhodia, sua fibra demora menos de três anos para se decompor em contato com microrganismos de aterros sanitários.

A título de comparação, um sapato produzido com fibras de poliuretano, base da maioria dos calçados populares, pode demorar 300 anos para se degradar.

Esse lançamento também enterra a desculpa da maioria das marcas de moda, que se negam a repensar o uso da matéria-prima de plástico afirmando que não é possível aplicar materiais ecológicos em larga escala.

A suposta falta de nobreza desses fios sustentáveis, outro empecilho apontado pela indústria da moda sobre a usabilidade dos materiais sustentáveis, não se aplica a essa versão da fibra. Entrelaçados no fio, os filamentos têm diâmetro fino e podem ser misturados com outros naturais.

Na indústria, o uso em escala ampliada desses fios reduz a emissão de dióxido de carbono, outro vilão que a moda não se livra em seus processos de confecção.

Segundo o CEO da unidade global de fibras do grupo Solvay, Renato Boaventura, a meta é até 2025 reduzir em 40% as emissões de CO2 da empresa e levar aos clientes os processos executados pela Rhodia para alcançar essa redução.

Para isso, ele explica, a empresa trabalha com três linhas de pesquisa: economia circular, relacionada com a reciclagem e a reutilização de materiais, desenvolvimento de fibras sintéticas de fontes renováveis e aplicação de biodegradabilidade como elemento das tecnologias.

O caminho não é tão simples quanto parece. Logo após a apresentação do novo fio Amni Soul Eco, o grupo iniciou as negociações para implementá-lo na produção em redes varejistas interessadas, mas, até agora, apenas uma marca gaúcha fechou contrato com a empresa.

"Percebemos um crescimento nas vendas dos produtos sustentáveis, mas é claro que este é um processo lento, que passa pela conscientização da população, das empresas e das novas gerações", diz Boaventura.

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