Pedro Diniz

Jornalista com formação em comunicação audiovisual pela Universidade de Salamanca (Espanha).

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Pedro Diniz

Novas acusações de plágio atingem de Kanye West a 'grifes de luxo'

Associações têm causado processos e desculpas públicas por parte dos acusados

O quer era exceção virou padrão, e referência, cópia. A onda de lançamentos recentes que se assemelham à produção de moda do passado, um tempo muitas vezes nem tão distante, fez disparar a quantidade de acusações de plágio.

Reproduzidas em redes sociais, principalmente na conta de Instagram @diet_prada, as associações têm causado processos e desculpas públicas por parte dos acusados. O alvo mais recente é a grife Yeezy, do rapper americano Kanye West, que teria plagiado uma estampa da empresa Jordan Outdoor Enterprises (JOE), especializada em peças tingidas de camuflagem.

As mesmas formas, cores e desenhos de folhas secas criadas pela companhia foram usadas em calças e botas da grife de West. Representantes da JOE afirmam ainda que um funcionário da Yeezy teria lhes procurado mostrando interesse nas estampas, mas as negociações não avançaram. O caso, de acordo com o portal de notícias TMZ, está sendo tratado na esfera judicial.

Não seria nem o primeiro nem o último. Caso semelhante ocorreu em 2015 com a estilista Isabel Marant, que foi acusada de copiar o modelo de tênis Stan Smith, da grife alemã Adidas, e por usar indevidamente em uma coleção estampas idênticas às de uma tribo mexicana. O último caso reacendeu o debate sobre quais criações são passíveis de registro de patente.

Um selo de originalidade que Christian Louboutin, um dos designers de calçados mais prestigiados do mundo, tenta obter sem sucesso em países nos quais se envolveu em processos milionários contra grifes que “copiaram” o solado vermelho. No Brasil, seu alvo já foi a Carmen Steffens, e na França, a Yves Saint Laurent.

Na conta do delator anônimo @diet_Prada, a maioria dos casos não foi parar na Justiça, em parte pelo fato de não haver em lugar nenhum do mundo legislação específica que proteja a criação de moda. Os exemplos reunidos no perfil, no entanto, servem para desmascarar a lógica perversa de autenticidade versus inspiração que tomou a indústria.

Neste mês, os donos (ou dono) do perfil identificaram uma cópia idêntica de um suéter assinado por Jean Paul Gaultier, em 1985, colocada à venda pela grife finlandesa AALTO. A peça original está exposta no Instituto de Indumentária do Metropolitan Museum, em Nova York.

No final do ano passado, a grife hype Alice + Olivia teve um de seus vestidos que homenageavam os Beatles desmascarado. Colorida, a peça tinha os mesmos traços, cores e padrões de uma peça de Yves Saint Laurent criada em 1970. A cópia de 2002 trazia, em vez do “Love Me Forever” da criação original, o escrito “Love Me Do”, referência à música homônima da banda.

Criações das grifes Céline, Prada e Dior estão entre as copiadas por grifes medianas. Até a brasileira Colcci entrou no balaio. O longo de lantejoulas azul usado por Marina Ruy Barbosa no último baile da Vogue foi comparado a uma criação da Gucci escolhida por Nicole Kidman.

A máxima de que na moda nada se cria, tudo se copia, parece ser o novo pretinho básico de quem não tem muito mais a dizer.

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