Pedro Diniz

Jornalista com formação em comunicação audiovisual pela Universidade de Salamanca (Espanha).

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Descrição de chapéu Moda

Melania conduz conto da Disney ao desfocar papel decorativo com looks

Delírios de realeza e 'coincidência' em encontro com a rainha marcam visita ao Reino Unido

Melania Trump chega para jantar no Blenheim Palace, em Londres
Melania Trump chega para jantar no Blenheim Palace, em Londres - Geoff Pugh/AFP

As farpas rolaram nos bastidores, mas a imagem que a visita oficial dos Trump ao Reino Unido deixará para a posteridade é a de um conto de fadas da Disney, cuja trama revela os delírios de realeza dos convidados.

A primeira-dama Melania conduziu o roteiro. Para desfocar o papel decorativo, escolheu para o jantar no palácio de Bleinheim, na quinta-feira (12), um longo drapeado de alta-costura da grife J. Mendel.

O traje, amarelo, é comparável ao de Bela, a princesa do desenho animado “A Bela e A Fera” que, com seu encanto, amaciou o monstro para despertar o príncipe dentro dele. Se convenceu May, ninguém sabe. Os manifestantes de Trafalgar Square com certeza não. Enquanto a primeira-ministra estendia o tapete vermelho para o presidente até no vestido rubro, um bebê Trump enjaulado era exibido no protesto.

A assessora de Melania, Stephanie Grisham, já tentou dizer que as roupas da princesa americana são “só roupas”, mas seus lacaios desconstruíram a falácia da humildade: desceram da carruagem, o Air Force One, carregando as pesadas malas Louis Vuitton da chefe.

Já no primeiro flash, ainda no aeroporto de Stansted, o vestidinho cinza do francês Roland Mouret entregou Melania. Um modelo parecido, da mesma grife, fora usado um dia antes pela nova integrante da família real britânica, Meghan Markle.

Esse jogo de referências embalou o feitiço imagético da primeira-dama, que só usou grife inglesa no jogo de bocha com veteranos de guerra. O vestido da marca homônima de Victoria Beckham, a Spice Girl, poderia ter sido usado como aceno cortês no encontro com a rainha. Melania, no entanto, tinha plano outro para aquela tarde.

Na visita ao castelo de Windsor, o conjunto branco de alfaiataria assinado pela Dior lembrava um que a antiga “rainha americana”, Jaqueline Kennedy (1929-1994), usou quando foi recepcionada por Elizabeth 2ª, em 1965, dois anos após a morte de John F. Kennedy (1917-1963).

Naquela ocasião, a rainha britânica usou azul. Nesta, também, mas com um notório apelo político.

O look estampado com arabescos remete à bandeira da União Europeia, com uma fenda amarela aparente na saia. Ele já foi usado pela monarca, combinado ao mesmo chapéu de ontem, em uma visita ao parlamento antes da votação do "brexit", em junho de 2017. A escolha foi vista pela imprensa internacional como apoio declarado à permanência do Reino Unido na UE.

A “coincidência” selou o encontro das rainhas, a de verdade e a de mentirinha, e soou como recado de união e força direcionado a Donald Trump.

Entorpecidos pela pompa do conto de fadas, o casal não deve ter sacado a indireta e foi embora antes da meia-noite para um “felizes para sempre” nas montanhas escocesas. Fim.

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