Pedro Diniz

Jornalista com formação em comunicação audiovisual pela Universidade de Salamanca (Espanha).

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Efeito manada do estilo faz até Neymar virar roupa em Paris

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Paris

Era pra ser apenas mais um desfile no meio de um calendário de altos e baixos, mas a apresentação do estilista Manish Arora serviu de resumo sobre até onde uma marca pode ir para se encaixar no hype de uma semana de moda como a de Paris.

Indiano com alguma fama entre clientes de gosto particular para bordados coloridos, Arora imprimiu em roupas esportivas desenhos dos jogadores do PSG, incluindo o da estrela francesa Kylian Mbappé e os dos brasileiros Thiago Silva e Neymar em sua fase cacheada.

Foi uma tentativa de fazer gol na Copa do Mundo da moda, mas o chute passou longe demais da rede. Uma sucessão de vestidos estampados combinados a plataformas de chuteira, bolsas em formato de bola e conjuntos de saia e blusa adornados com panos indianos foi uma cabeçada naquilo que se entende por bom gosto.

Arora queria unir duas tendências que passearam por esta temporada de verão 2019, o esportivo e o sexy. Conseguiu, porém, provar que não é porque uma tendência colou numa arara que dará certo para todo mundo.

Paris sofre em sua semana de desfiles a mesma sina do efeito manada visto em outras praças de luxo, como Milão, Nova York e São Paulo. Nos três anos em que o esportivo descolado assolou as passarelas, cópias começaram a surgir de 2017 para cá, com marcas aderindo de última hora ao visual “street” sem perceber a cilada de investir num estilo com data de validade.

Essa mesma ideia de olhar a grama do vizinho pode fazer o viés sexy das últimas coleções, que mostraram comprimentos curtos e muita pele exposta, chegar a grifes que nunca dominaram o meio entre sensualidade e vulgaridade.

A régua do bom gosto é uma linha invisível que atravessa decisões alheias à cartilha de certo e errado usada pela moda num passado recente. Hoje, tudo é possível, mas o ridículo surge exatamente quando se esmaga a história em benefício da normatização.

Para exemplificar, foi nesse buraco que caiu a Céline, uma grife até seis meses atrás vista como epítome do bom gosto minimalista e que, cedendo ao padrão skinny de seu novo estilista, Hedi Slimane, queimou-se na fogueira da crítica internacional.

O recado das passarelas não deixa dúvida. Chegou a hora de as grifes, as que se autointitulam etiquetas de moda, tomarem posição e assumirem uma proposta de estilo perene, descolado do vendaval de tendências que, provou-se, só serve para criar imagens descartáveis e chutes a esmo.

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