Pedro Luiz Passos

Empresário, conselheiro da Natura.

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Inovações punem quem não se prepara; é hora de o Brasil romper o imobilismo diante delas

Governos e empresas precisam reinventar seus modelos de gestão para se adaptar à economia dos algoritmos

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Unidades de Sonic, da Chevrolet, são conduzidas por robôs em fábrica em Lake Orion, Michigan
Unidades de Sonic, da Chevrolet, são conduzidas por robôs em fábrica em Lake Orion, Michigan - Rebecca Cook - 19.mar.18/Reuters

Uma onda de ansiedade contagia os meios empresariais, políticos, acadêmicos e sociais nas economias avançadas e emergentes sobre as implicações do ritmo acelerado das novas tecnologias, especialmente a automação do trabalho e o processamento da informação. O mundo já não é como muitos conheciam e vem mudando com rapidez alucinante.

Pelo domínio da inteligência artificial, IA, coração da robótica e de engenhos como veículo com direção autônoma, loja sem vendedor e sem caixa, telemedicina, banco no celular, se batem a China, cuja meta é alcançar esse objetivo até 2025, e os Estados Unidos, que ameaçam os chineses com retaliações, acusando-os de tungar propriedade intelectual.

O poder dos algoritmos do mundo digital se tornou ubíquo, rompendo modelos de negócios e relações do trabalho. O sucesso exige outros recursos, envolvendo modificações profundas da educação, da gestão dos governos e das empresas, mas esse debate mal começou no Brasil, onde as decisões do Supremo Tribunal Federal e as pesquisas de intenção de voto parecem preocupar mais que o desafio concreto das mutações tecnológicas.

Estudos de instituições renomadas, como as universidades de Oxford e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), das consultorias McKinsey, Accenture, BCG, Bain, todos coincidem na conclusão de que estão em curso mudanças embasadas pela tecnologia que já repercutem na vida cotidiana, na cultura e nas relações econômicas e sociais.

O mais recente desses estudos, do Council on Foreign Relations, CFR, que reúne empresas líderes dos EUA com negócios globais, diz que, “para prosperar e liderar”, serão necessárias “novas formas de enfrentar os desafios da força de trabalho do século 21”.

Ao todo, segundo o estudo da OCDE, metade dos empregos existentes é altamente vulnerável em 32 países avaliados, de Chile e México a França e EUA. Brasil ficou de fora, mas o cenário é parecido, como sugerem pesquisas setoriais. Com alto desemprego estrutural, muita burocracia e educação sofrível, nosso desafio é ainda maior.

A aceleração das inovações alterará ou eliminará muitos empregos. Outros novos serão criados, mas exigirão maior nível de educação e treinamento.

“Na ausência de políticas atenuantes, a automação e a IA podem exacerbar desigualdades”, diz o estudo do CFR. No Brasil, o ensino técnico terá de ter prioridade máxima (até para dar futuro aos jovens) e estar mais perto das demandas do mercado de trabalho.

A facilitação aos negócios nascentes é outra prioridade, já que a experiência no mundo mostra que as startups é que impelem as novas oportunidades, inclusive de emprego, não tapete vermelho estendido a grupos estabelecidos. Abertura ao comércio, em vez de subsídios à produção doméstica, semelhantes aos previstos no programa Rota 2030, por exemplo, é o que pode fazer toda a diferença.

Tanto o país como as empresas precisam reinventar seus programas e temer o imobilismo, não as mudanças, que podem demorar, mas, quando chegam, punem sem dó os despreparados. O cemitério de negócios e de nações outrora bem-sucedidos nos alerta sobre os riscos do que está por vir se nada for feito.

Será promissor ou não dependendo de nossas decisões. Os masters do mundo estão na corrida acenada pelo presidente Vladimir Putin, da Rússia: “Quem liderar a IA governará o mundo”. Para nós, já basta estarmos no jogo, garantindo progresso e mobilidade social.

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