Pedro Luiz Passos

Empresário, conselheiro da Natura.

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Pedro Luiz Passos

Um país com a nona maior economia não pode ser coadjuvante no comércio global

Insistir no protecionismo e não abrir a economia é cristalizar os resultados adversos dos últimos 25 anos

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O presidente Michel Temer cumprimenta o colega mexicano, Enrique Peña Nieto, durante reunião da Aliança do Pacífico, em Puerto Vallarta (México)
O presidente Michel Temer cumprimenta o colega mexicano, Enrique Peña Nieto, durante reunião da Aliança do Pacífico, em Puerto Vallarta (México) - Alfredo Estrella - 24.jul.18/AFP

Menos por nossas virtudes e mais por nossas carências, a guerra comercial desencadeada pelas medidas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter impactos reduzidos na economia brasileira. 

A pífia presença brasileira no comércio exterior não permitirá que o país ocupe os eventuais espaços que se abrirão com o redesenho do mapa geoeconômico previsto por alguns analistas. 

Por outro lado, o Brasil não ficaria imune à possível redução no fluxo de comércio, já que os efeitos deletérios decorrentes de seu isolamento se acentuariam.

A paralisia à qual o país mais uma vez se submete é a pior posição diante das iniciativas de Trump, cujos objetivos ainda são nebulosos, assim como são incertas as dimensões que podem adquirir. 

As dúvidas, porém, não impedem que economias mais dinâmicas se movimentem em defesa de seus interesses —e, importante notar, isso nada tem a ver com protecionismo. 

Em julho, a União Europeia e o Japão firmaram um acordo de livre-comércio. Pouco antes, 11 países de três continentes assinaram o termo de criação do TPP11, a despeito da desistência dos Estados Unidos em participar do tratado. 

Semanas atrás foi a vez de a Aliança do Pacífico e do Mercosul tornarem público um compromisso em defesa do livre-comércio.

O Brasil continua tímido diante de tal movimentação, e os raros sinais de reação apontam no rumo equivocado. Para parcela do empresariado e de certos segmentos políticos, a guerra comercial justificaria prolongar indefinidamente as atuais barreiras protecionistas. 

Insistir no protecionismo é fazer mais do mesmo, cristalizando os resultados adversos que temos colecionado há pelo menos 25 anos e se tornaram nossos velhos conhecidos.

Ostentamos o posto de uma das economias mais fechadas do planeta e nossa participação nas exportações globais mal supera 1%. 

Mais: como reflexo da baixa integração internacional do país, o peso da indústria brasileira na produção global de manufaturados caiu para menos de 2% pela primeira vez em quase três décadas. 

A nona maior economia do mundo não pode se conformar com esse papel de coadjuvante, e sim almejar o estrelato no comércio global.

Abrir a economia e romper o isolamento é a escolha certa para aumentar a produtividade, estimular o crescimento e gerar empregos. 

Falta-nos uma atitude mais ousada, seja promovendo a redução unilateral das tarifas de importação, como proposto pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), seja estreitando laços com parceiros comerciais. A conclusão do acordo do Mercosul com a União Europeia é um passo que adquire ainda mais urgência.

Não podemos mais postergar a definição de políticas e iniciativas que levem o Brasil a uma inserção mais profunda na economia global. A experiência de diversos países indica que os benefícios colhidos numa abertura comercial superam amplamente seus custos. E existem trabalhos que mostram que esse ciclo virtuoso se repetiria no Brasil.

Mais importações significariam acesso a bens e serviços com preços menores e tecnologia superior, acirrando o ambiente de concorrência e, por tabela, reduzindo a ineficiência empresarial e incrementando a produtividade. Esse seria o melhor escudo contra eventuais balas perdidas da guerra comercial ora em curso.
 

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