PerifaConnection

PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias. Feita por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

PerifaConnection

Nas periferias está a vida real que pulsa neste país

É preciso estilhaçar a máscara do silêncio sobre população periférica

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

“Estilhaçar a máscara do silêncio”. Por essa palavra de ordem dada por Conceição Evaristo, é PerifaConnection.

Somos uma plataforma de disputa das narrativas sobre periferias, onde falamos por nós mesmos, formando um ponto de encontro de vários atores do nosso tempo, jovens e periféricos.

Estreamos essa coluna na Folha muito felizes, pois é uma oportunidade de ampliar as nossas vozes. Estamos também no podcast Mamilos, onde temos uma coluna semanal, e em breve em audiovisual. Somos Raull Santiago, Nina da Hora, Salvino Oliveira, Wesley Teixeira e Jefferson Barbosa.

Nos conheceremos muito melhor ao longo dessa caminhada. Nas redes online e offline, há essa costura cotidiana feita de dores e prazeres que é ser periférico —​seja por onde moramos, circulamos ou porque o que predomina nos "centros" não contempla o que somos. A comunidade da Mangueirinha na Baixada Fluminense, uma terra ianomâmi, a favela da Cidade de Deus, o Alto Zé do Pinho, em Pernambuco, a Ceilândia, o Aglomerado da Serra, o quilombo Rio dos Macacos ou o Complexo do Alemão. São diversos os territórios a que pertencemos —só em favelas, há 13,6 milhões de pessoas.

0
Comunidade em Perus, na zona norte de São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

Problemas enraizados na realidade do país persistem, geração após geração. Com a nossa não é diferente, mas graças ao acesso de boa parte de nós a universidades, alguma renda fixa e a busca por qualidade de vida, muitos tivemos oportunidades que não foram dadas aos nossos pais, avós e antepassados.

De onde a gente vem, este lugar aqui, a Folha de S.Paulo, nunca foi sonhado. Informação é um privilégio. O jornalismo disputa atenção o tempo inteiro com WhatsApp, programas de fofoca, novelas, o jogo de futebol e o culto da igreja —realidade da maioria dos brasileiros que vivem nas periferias, sejam essas periferias urbanas, comunidades ribeirinhas, quilombos ou aldeias indígenas.

Motivo de poesia e música para uns, instrumento para políticos, amada por seus moradores e detestada por pequena parte da população —foi assim que Luciano Parisse definiu a favela e a periferia. Hoje, quase cem anos depois, essa realidade pouco se alterou, exceto por um detalhe: agora nós estamos pedindo passagem.

Mas fugimos à regra: valorizamos o jornalismo, produzimos a nossa própria informação e disputamos a narrativa. Somos cinco jovens da região metropolitana do Rio de Janeiro, articulando com atores de diferentes quebradas do país através do PerifaConnection. Em rede somos de todos os cantos.

Para ter futuro é preciso antes ter perspectiva de vida. Mais do que dos dados, falamos sobre vidas. Apesar da falta de direitos básicos, nas periferias está a vida real que pulsa neste país: artistas, cientistas, médicos, professores e trabalhadores que fazem boa parte das cidades funcionar. Sem a periferia, a cidade não funciona --ainda que parte da cidade identifique a periferia como um problema.

O que temos feito o tempo todo é criar lugares ali na frente diferentes dos que nos foram dados. O desemprego, a violência policial, a ausência de escolas e postos de saúde nos levam a cobrar que esta sociedade se indigne e exija dos poderosos o que nos é direito —uma dívida que, enquanto não for reparada, não deixaremos de talhar. Também nos faz o tempo todo reinventar a vida, recomeçar e mudar de lugar para enxergarmos o copo meio cheio. Vamos apresentar a pluralidade desses lugares. Uma subjetividade nova ganha força. 

Temos uma série de narrativas e histórias para contar. Resta saber se você está disposto a nos ouvir. Através dessas histórias, toda uma geração vem protagonizando diferentes espaços, construindo caminhos, se sonhando.


*Jefferson Barbosa é jornalista em formação pela PUC-Rio, integra o coletivo de mídia Voz da Baixada e é morador do Pantanal, em Caxias; Ana Carolina da Hora, conhecida como Nina da Hora, é estudante de Ciência da Computação na PUC-Rio, desenvolve projetos de democratização da tecnologia (Computação da Hora e Ogunhê) e mora em Caxias, na Baixada Fluminense; Wesley Teixeira é coordenador do pré-vestibular popular +Nós, militante do movimento de evangélicos progressistas e morador da Mangueirinha, em Caxias; Raull Santiago é empreendedor social, produtor audiovisual, midiativista do Coletivo Papo Reto e morador do Complexo do Alemão; Salvino Oliveira é estudante de gestão pública na UFRJ, pesquisador do Observatório da Segurança e morador da Cidade de Deus

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.