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Como LGBTs no Brasil, devemos nos levantar contra a opressão como Marsha e Sylvia em Stonewall

Trajetória de pessoas LGBT é marcada por violações, mas precisamos visibilizar nossa potência

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Lidi de Oliveira

Multiartista, faz parte do Movimenta Caxias, da Voz da Baixada e é ativista do movimento LGBT

Junho é o mês do Dia Internacional do Orgulho LGBT+. Além de ser uma oportunidade para dar voz a diferentes formas de amor, o 28 de junho coloca em evidência a luta contra a militarização de nossas vidas e a resistência contra a opressão do Estado sobre nossos corpos.


A escolha da data remete a 28 de junho de 1969, quando policiais invadiram com truculência o bar Stonewall (espaço muito importante para a cultura LGBT da época), em Nova York. A repressão tinha como foco as transexuais e drags queens que estavam no local.


Algumas das pessoas foram presas sob a alegação de não estarem usando ao menos três peças de roupas que eram "adequadas" a seu gênero.

Contrariando a expectativa dos policiais que sempre viam os frequentadores do bar fugindo, a população LGBT se revoltou contra a ação e deu início a atos de luta pelos seus direitos civis.

Bandeira do arco-íris, que representa a comunidade LGBT, tremula em frente a favela
Bandeira do arco-íris, que representa a comunidade LGBT, tremula em frente a favela - Talita Nascimento

Ativistas como Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera e toda uma coletividade marcaram a história da luta pelos direitos humanos de pessoas LGBT.

Esse capítulo da história foi escrito por pessoas trans, lésbicas, negras e latinas. Ao se levantarem contra a repressão do Estado, elas espalharam visibilidade e orgulho pelo mundo.

Quando pensamos nas trajetórias de pessoas LGBTs, a primeira imagem que provavelmente surge no nosso pensamento é de algo relacionado à violação de direitos. As violências e os apagamentos são cortes que perpassam nossos caminhos em uma sociedade cisheteronormativa.

Basta olhar para os noticiários. Em 2016, a mãe lésbica e negra Luana Barbosa foi assassinada em uma violenta abordagem da Polícia Militar de Ribeirão Preto, no estado de São Paulo.

No ano seguinte, a travesti Dandara dos Santos foi espancada e executada em uma rua de Fortaleza, no Ceará, e teve as imagens de sua agressão divulgadas na internet.

Assim como nesses casos, cada um de nós passa diariamente por opressões. Quantas formas de opressões passamos diariamente em nossas casas, ruas, escolas, trabalhos, redes sociais. E que com muita resistência conseguimos pautar na sociedade.


Devemos expor as diversas formas de violações que passamos. Estamos diante de um governo que discursa e pratica o extermínio da nossa comunidade. Porém, todo o dia é necessário visibilizar que nossa vivência é da potencialidade, da cooperação, da resistência cultural, da participação política e da garantia de direitos humanos.

Falando sobre a Baixada Fluminense, lugar de onde sou cria, a costura dos meus passos se encontra com Leona Adão, jovem trans da favela Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio. Ela participa do Movimenta Caxias e constrói coletivamente seu direito à viver de forma digna.

Quando olho para o lado também encontro Ivanete Silva, professora, sindicalista e mãe-avó, que traz no seu discurso a visibilidade bissexual e a luta por um educação pública e de qualidade dentro do nosso território.

Reivindicando a segurança alimentar, emprego e renda, há Juliana Garcia, lésbica e estudante de ciências sociais, que organiza ações em movimentos populares. Ao abrir o Instagram vejo Stefan Costa, homem trans e criador de conteúdo digital, que constrói e disputa narrativas sobre transexualidade e comunicação.

Em nossos territórios somos inúmeras Marshas e Sylvias. Somos vozes que se levantam diariamente por memória, autoestima, empregabilidade, segurança alimentar e contra o genocídio do Estado.

Reivindicar o Orgulho LGBT é assumir o compromisso histórico da luta pela justiça social.

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