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Justiça climática é o direito ao hoje, enquanto construímos um amanhã

Líderes têm caminhado lentamente para entender o quanto a crise climática e sanitária são fenômenos de violências estruturais contra povos e comunidades

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Marcelo. Rocha

Diretor executivo no Instituto Ayíka e ativista no movimento Fridays for Future Brasil

Aíla Marinho

Coordenadora Nacional pelo Brasil na COY 16, pesquisadora em clima e juventude pelo PPGRI na UFBA e delegada pelo Instituto Ayíka na COP26

Alice Pataxó

Liderança indígena, ativista pelo clima e jornalista

Vitória Pinheiro

Diretora da Palmares Ponto Focal para América Latina e Caribe no UNMGCY

O mundo está com os olhos voltados para a COP26. A conferência que reúne líderes globais para tratar de um assunto de extrema importância: a emergência climática que vivemos.

Tal emergência não se dá apenas pelo contexto ambiental. Ela parte da nossa relação com o meio ambiente e se reflete em estruturas sociais e econômicas que perpetuam por toda a sociedade. As disputas na nossa política, economia, saúde, educação e em tantas outras correlações que dialogam com o tema se dão a partir dos territórios e das comunidades que habitam nele.

Este fato deixa evidente que justiça climática não é uma questão para o futuro, mas, sim, sobre como se configuram as estruturas que nos possibilitam existir no presente.

Há uma exploração histórica da terra que nos levou até onde estamos hoje. Essa situação tem comprometido direitos básicos necessários a uma vida digna, como a terra, a moradia, a educação e a alimentação de muitos. Por outro lado, há acumulação de riqueza de poucos.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), todas ações humanas realizadas até agora já são consideradas irreversíveis.

Precisamos pensar para além dos números, quem são as pessoas e áreas que estão sendo mais atingidas por essas mudanças.

Transformar a COP26 em um espaço de participação política dessas comunidades, mas também onde possamos construir outras soluções possíveis e baseadas em nossos direitos e necessidades.

A proposição de ação climática, por meio de mercados de carbono, funciona apenas para permitir que os mesmos Estados responsáveis pela crise climática sigam emitindo às custas dos países em desenvolvimento, vítimas históricas de uma exploração colonial de seus recursos..

Em meio a um contexto nacional sem representações oficiais, as juventudes brasileiras assumem um protagonismo histórico e comparativamente maior na COP26 em relação a edições passadas. Eles se tornaram agentes efetivos da transformação socioambiental no Brasil.

Nosso país viveu momentos de protagonismo e avanços na agenda ambiental no passado, mas necessita radicalizar sua ação com urgência.

Precisamos tirar do papel metas de ambição climática para superar a inércia na corrida para a zero emissão de carbono e redução drástica dos níveis de desmatamento de nossas florestas e reservas de proteção ambiental.

Dessa forma, o Brasil vai recuperar seu protagonismo na ação climática, desafio à altura do potencial e grandeza de nosso país.

Os líderes têm caminhado a passos lentos para entender o quanto a crise climática e sanitária são fenômenos disparadores que escancaram as violências estruturais contra os vários povos e comunidades de nosso país, particularmente às comunidades negras, indígenas e quilombolas.

Torna-se fundamental que os esforços de mitigação e adaptação climática cheguem principalmente a essas comunidades e uma maneira de demandarmos enquanto sociedade civil essas ações, é por meio da própria organização e criação de agendas de forma comunitária.

Citando como exemplo a pandemia que vivemos atualmente e não sabemos até quando perdurará, podemos observar que essa crise sanitária tem afetado intensamente esses grupos mais sensibilizados.

Precisamos nos atentar para o surgimento de novas doenças, como a Covid-19, e de eventos climáticos cada vez mais desastrosos e severos e que já são frutos do desequilíbrio da biodiversidade nativa e do consumo em larga escala e exagerado de recursos e vidas.

Assim como a atual pandemia, esses fenômenos afetam principalmente quem vive nas periferias urbanas e comunidades locais. Com isso, mais do que nunca importa perguntar: qual será o legado das gerações passadas?

Não há mais espaço para negacionismo! Da mesma forma, se as soluções não forem pensadas e construídas baseadas nas estruturas que fazem o hoje, o amanhã será apenas um colonialismo atualizado, mudando apenas a maneira de exploração e como o genocídio e ecocídio se manifestam.

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