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Por quê?

A reforma da Previdência saiu de férias 

País terá que fazer uma reforma mais dura ou enfrentará a falência mais à frente

Ministro Henrique Meirelles (Fazenda): governo desistiu de colocar para votar a reforma da Previdência
Ministro Henrique Meirelles (Fazenda): governo desistiu de colocar para votar a reforma da Previdência - REUTERS

A reforma da Previdência saiu de férias por tempo indeterminado. O governo jogou a toalha, admitindo que não tem os votos para aprová-la.

E daí? Daí que teremos pelo menos mais um ano de situação fiscal se deteriorando, o que nos garante uma reforma mais dura ou a falência mais à frente.

Parecemos disco arranhado (os mais velhos vão entender a comparação), mas repetimos mesmo assim: se o Brasil não reduzir substancialmente seu gasto com aposentadorias e pensões, vamos acabar todos como o estado do Rio de Janeiro, sem dinheiro para pagar por serviços prioritários e atrasando pagamentos e salários. 

Ainda pior: o estado do Rio de Janeiro pode ter a esperança de ser socorrido pelo governo federal, enquanto o Brasil é grande demais para ser socorrido pelo resto do mundo. A Venezuela com seus refugiados famintos ou a ultraviolência de Honduras (já observada em algumas capitais do Nordeste, como Fortaleza e Natal) não são abstrações, mas um futuro possível que só será evitado se agirmos.

Mas nada disso importa para nossos congressistas. O objetivo principal é a reeleição, ainda mais para os muitos que dependem do foro privilegiado para escapar de férias compulsórias na Papuda. Evitar votar temas polêmicos reduz os riscos. 

O resultado foi imediato: logo após o anúncio de que a reforma não sairia, a agência de rating Fitch abaixou nossa nota mais uma vez. Os efeitos não são sentidos automaticamente, mas nossa economia torna-se mais vulnerável se as taxas de juros subirem no resto do mundo.

Nossa incapacidade de resolver esse grande problema fiscal é cada dia mais transparente. Estamos empurrando a reforma com a barriga, agora para depois das eleições. Por isso, mais do que nunca, dependemos dos resultados da eleição vindoura.

Não basta eleger um presidente que entenda de aritmética e valorize o futuro do país; precisamos também de um Congresso eleito que tenha o senso de urgência para entregar as reformas necessárias e a consciência tranquila para peitar as corporações sem medo de represálias de categorias poderosas encasteladas em privilégios.

 

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