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O efeito Amazon

Avanço do comércio eletrônico contribui para integrar mercados

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A internet mudou a forma como realizamos nossas compras, o que impacta a estrutura da atividade econômica. Não há exemplo mais emblemático do que a Amazon, que era inicialmente uma loja de livros, e agora vende quase tudo. Entrou inclusive no mercado de streaming e de armazenamento em nuvem.

Podemos ter uma ideia da importância da Amazon no recente anúncio do lançamento de seu serviço prime no Brasil —o que foi suficiente para afundar o preço das ações de seus competidores (como Lojas Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia) na Bolsa de Valores de São Paulo. Tudo isso apesar de sua participação ainda pequena no mercado brasileiro.

Mas nos Estados Unidos, onde a empresa está consolidada e responde por uma fatia significativa do mercado, há evidências de que ela vem afetando o processo de formação de preços em lojas físicas.

Os preços online têm duas características distintivas. Em primeiro lugar, eles tendem a mudar com mais frequência do que nas lojas físicas, resultado do uso de algoritmos para sua determinação.

Em segundo lugar, nas vendas pela internet, há pouquíssima variação espacial de preços —isto é, eles tendem a ser os mesmos para o país inteiro. Isso pode parecer contraditório, pois os mesmos algoritmos que permitem um ajuste mais rápido poderiam ser usados para cobrar preços diferentes em locais diferentes.

No entanto, a internet oferece transparência —a cobrança diferenciada poderia ser facilmente detectada, não sendo muito bem vista pelos consumidores. A empresa arriscaria perder parte do seu mercado se se engajasse nessa prática. 

Um artigo acadêmico recente, de autoria de Alberto Cavallo, traz evidências de que o comportamento dos preços na internet (maior variação no tempo e menor variação no espaço) está se transferindo para o comércio tradicional.

O autor foca em concorrentes da Amazon, mas que também têm lojas físicas —o caso mais famoso é o do Walmart. Verifica-se que, quando há uma concorrência mais próxima com a Amazon, os preços desses grandes varejistas apresentam padrões semelhantes aos de produtos vendidos online.

No caso de produtos eletrônicos, por exemplo, em que a presença da Amazon aumentou bastante ao longo dos últimos anos, os preços foram se tornando mais flexíveis e mais uniformes entre regiões nas lojas físicas dos competidores da gigante do comércio eletrônico.

Por outro lado, a Amazon é ainda tímida no setor de alimentação e bebidas —e para ele as características dos preços online ainda não foram incorporadas tão fortemente pelas lojas físicas.

Em outras palavras, o avanço do comércio eletrônico contribui para integrar mercados. Os preços, ao se tornarem mais uniformes no espaço, passam a depender menos da situação de cada região, e mais de fatores que impactam o país como um todo.

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