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Relatório da SEC avalia o episódio da GameStop

Estudo pode trazer lições importantes para o mercado brasileiro

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A Security Exchange Comission (SEC), órgão regulador da bolsa americana, divulgou nesta semana um estudo detalhado sobre os acontecimentos de janeiro de 2021 que fizeram com que a empresa GameStop ficasse conhecida no mundo inteiro.

A GameStop comercializa jogos eletrônicos em lojas físicas nos Estados Unidos. Há alguns anos a empresa apresenta prejuízos significativos, reflexo da concorrência das lojas virtuais e da distribuição dos jogos por meio digital. Muitos analistas previam que as restrições impostas pela pandemia finalmente levariam a empresa à falência. Grandes investidores institucionais apostaram nesse resultado.

Loja da GameStop em New York, Estados Unidos - Michael M. Santiago/AFP

Mas não foi isso que aconteceu. Um movimento sem precedentes de pequenos investidores, coordenado pelas mídias sociais, conseguiu sustentar a empresa, catapultando o preço da ação dos US$ 20, em dezembro de 2020, para mais de US$ 300 em janeiro de 2021. O forte aumento do preço da ação fez os investidores vendidos encerrarem suas posições para reduzir o risco de suas posições. Com a ausência dos investidores informados, os preços ficaram ainda mais voláteis e sobrevalorizados.

O estudo da SEC avaliou o impacto desse movimento. Em especial, analisaram: i) como o aumento da volatilidade afetou os cotistas dos fundos ETFs (Exchange Traded Funds) que possuíam o papel em carteira; ii) como a proibição temporária de negociação imposta pelo sistema de margens e garantias afetou os investidores; iii) como o encerramento das posições vendidas dos grandes investidores institucionais contribuiu para a alta dos preços (movimento conhecido por short-squeeze); iv) o papel dos formadores de mercados externos que compram o fluxo de ordens das corretoras.

Na conclusão, o estudo apresenta algumas reflexões para melhorar o mercado americano. Em particular, destaca a necessidade de aumentar a transparência das operações de venda a descoberto e dos episódios de short-squeeze. Além disso, questiona se as corretoras não estariam exagerando ao estimular que seus clientes negociem ainda mais, questionando ainda se o modelo de negócio com corretagem zero e venda do fluxo de ordens para formadores de mercado seria adequado.

Que lições podemos tirar desse estudo para o mercado brasileiro? O mercado brasileiro é razoavelmente transparente, mais até do que a Bolsa americana. Em sua página, a B3 divulga diariamente as posições vendidas, bem como as taxas de aluguel praticadas. Ponto positivo para ela. Já a corretagem zero e o estímulo à negociação exagerada por parte das corretoras, assim como a monetização do fluxo de ordens (que aqui tem o nome de RLP, Retail Liquidity Provider), são práticas que de fato devemos analisar com cuidado.

Fernando Chague, professor de Finanças na Escola de Economia de São Paulo da FGV

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