O dia seguinte ao clássico Corinthians x Palmeiras sempre deixa vítimas. A pressão aumenta para quem não vence. Para Roger Machado, virá também a cobrança por se defender durante todo o primeiro tempo, com apenas 42% de posse de bola.
Fábio Carille montou sua equipe brilhantemente. Reforçou o meio-de-campo e jogou sem centroavante. Jádson e Rodriguinho, melhor em campo, jogaram no ataque, num 4-4-2.
Não havia quatro vitórias seguidas de um lado do Dérbi desde 1985, quando o Corinthians emendou o quarto triunfo seguido.
Desta vez, a pressão vem acompanhada do olhar atento para a Libertadores. O Corinthians estreia na quarta-feira (28), em Bogotá, contra o Millonarios. Na quinta (1), o Palmeiras joga em Barranquilla, contra o Junior, mesma data da estreia do Santos, no Peru, contra o Garcilaso.
Mais pressionado está o São Paulo, pelos seis anos sem troféus e pela irregularidade da equipe, que desde 2015 só conseguiu quatro vitórias consecutivas uma vez. A sequência veio há dez dias, com triunfos contra Madureira, Botafogo-SP, Bragantino e CSA.
Se foram três anos sem ganhar quatro jogos seguidos, há um problema no clube, não no técnico.
Não jogar a Libertadores é péssimo. Por outro lado, pode ajudar a se concentrar numa chance real de título. Ganhar o Paulista dará um pouco de paz. Só que, mesmo sem disputar o torneio continental, não é o São Paulo quem tem a tabela mais leve até a finalíssima. É o Corinthians.
Não é simples a sequência corintiana contra Palmeiras, Millonarios e Santos, de ontem até o próximo domingo (4), mas começou com o 2 a 0 contra o Palmeiras.
E, depois do Millonarios, o time de Carille só voltará a campo pela Libertadores dia 14, em Itaquera, contra o Lara, da Venezuela. Três dias depois, poderá se concentrar nas finais regionais.
O São Paulo terá os duelos contra o CRB, antes de estrear nos mata-matas do Paulista. Se passar, terá a quarta fase dia 4 de abril.
Palmeiras e Santos disputarão as finais do estadual simultaneamente à Libertadores. A tabela do Palmeiras prevê o Alianza, no Allianz Parque, entre as duas finais do Paulista.
O Santos viajará à Argentina para enfrentar o Estudiantes no meio das duas partidas da decisão, se chegar a ela.
É óbvio que o título da Libertadores vale mais do que o Paulista, mas muitas vezes o que está em jogo é perder a taça e demitir o técnico ou perder uma partida e seguir com chance na América.
O acúmulo de jogos de abril pode mudar o endereço da pressão. Determinar o sucesso de quem está mal agora, ou o fracasso de quem foi muito bem em fevereiro.
Hoje é aniversário do título brasileiro de 1986, do São Paulo, conquistado em fevereiro do ano seguinte. Nos cinco primeiros jogos de 1987, a torcida olhou desconfiada para o técnico Pepe, porque o São Paulo perdeu três vezes, contra Bangu, Inter de Limeira e Fluminense. Passaram-se dezessete dias e o São Paulo foi campeão brasileiro contra o Guarani.
Saber esperar é um dom.
Não deveria ser, mas, comparada com a pressão de daqui a quarenta dias, os questionamentos atuais são fichinha.
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