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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Seis dos 12 maiores times brasileiros têm treinadores novos

Clássico deve revelar comportamento de dois dos técnicos mais jovens do país

Técnico do Santos, Jair Ventura, em frente ao gol
Técnico do Santos, Jair Ventura, 38, no CT Rei Pelé, em Santos (SP) - Jorge Araújo/Folhapress
Num futebol em que se cobrou renovação de técnicos nos últimos 20 anos, não é mau perceber que seis dos 12 maiores clubes do país têm treinadores que não estavam no mercado há cinco anos. Nem Odair Helmann, do Internacional, nem Felipe Conceição, do Botafogo, nem Zé Ricardo, do Vasco, nem Fábio Carille, do Corinthians.

Nem Jair Ventura e Roger Machado, responsáveis pela montagem dos dois times do clássico Palmeiras x Santos, neste domingo (4), no Allianz Parque, pelo Paulista.

"Ele é estrategista, mas também sabe motivar", diz Antônio Lopes, sobre Jair Ventura.

Campeão da Libertadores pelo Vasco em 1998, Lopes era o diretor-executivo do Botafogo e foi quem deu o voto decisivo para Jair ter sua primeira chance como treinador efetivo.

"Roger forma times de autoria. Você olha para a equipe e diz: 'É o time do Roger'", sustenta Rui Costa, que deu a primeira grande chance ao treinador palmeirense.

Técnico do Palmeiras, Roger Machado, em frente ao microfone para entrevista coletiva
Técnico do Palmeiras, Roger Machado, concede entrevista coletiva antes do treinamento, na Academia de Futebol - Cesar Greco/ Ag. Palmeiras / Divulgacao

O clássico Palmeiras x Santos vendeu mais de 35 mil ingressos por causa das várias atrações, como Lucas Lima contra seu ex-clube, a reestreia de Gabriel, Scarpa relacionado, os 100% de aproveitamento do Palmeiras.

Entre todas as curiosidades, está a observação sobre como dois dos treinadores mais jovens e promissores do país vão se comportar no primeiro grande jogo em São Paulo.

O Santos venceu seus dois jogos fora de casa e não ganhou ainda como mandante. Pode ser a continuidade do estilo de Jair Ventura, estrategista para o contra-ataque, ainda não confirmado como alguém que faça seus times envolverem adversários que se fecham na defesa.

Roger faz seu time ir ao ataque sempre. "Ele não larga a bola", diz seu ex-diretor, Rui Costa. "Encantei-me com o Novo Hamburgo que quase eliminou o Grêmio nas quartas de final do Gaúcho de 2015. Quatro meses depois, Douglas fez aquele golaço no Atlético, depois de o time tocar na bola quarenta vezes", diz Rui Costa.

O gol em questão teve doze passes, do desarme de Geromel, até a conclusão de Douglas, 25 segundos depois. De pé em pé.

"O que me impressiona mais é sua capacidade de preparar o time, mostrar os vídeos, indicar os pontos fortes do adversário e os defeitos que podemos explorar", afirma Antônio Lopes, sobre Jair Ventura.

Até agora, Roger parece avançar na montagem de um time que controla o jogo com a bola, e Jair Ventura vai no caminho inverso, usando o contragolpe como arma. Mais um ingrediente para o clássico, que colocará em risco o aproveitamento do Palmeiras, se a estratégia santista funcionar.

Um clássico não se faz só de treinadores. Faz-se de craques, duelos, surpresas e torcida. Hoje, há a chance de ver Scarpa, e assistir a Lucas Lima x Gabriel, de escalações imprevisíveis e de 35 mil espectadores.

Há também a dúvida se os dois novos treinadores, entre os seis que dirigem os 12 maiores clubes do país, deixarão o Allianz Parque aplaudidos por um jogo excepcional, ou com a crítica pedindo as velhas grifes, porque grandes nomes servem como escudos de proteção para dirigentes sem coragem.

Supervalorizar treinadores não é só achar que as vitórias nascem deles. É também julgar que as derrotas são sua exclusividade.

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