Nem Jair Ventura e Roger Machado, responsáveis pela montagem dos dois times do clássico Palmeiras x Santos, neste domingo (4), no Allianz Parque, pelo Paulista.
"Ele é estrategista, mas também sabe motivar", diz Antônio Lopes, sobre Jair Ventura.
Campeão da Libertadores pelo Vasco em 1998, Lopes era o diretor-executivo do Botafogo e foi quem deu o voto decisivo para Jair ter sua primeira chance como treinador efetivo.
"Roger forma times de autoria. Você olha para a equipe e diz: 'É o time do Roger'", sustenta Rui Costa, que deu a primeira grande chance ao treinador palmeirense.
O clássico Palmeiras x Santos vendeu mais de 35 mil ingressos por causa das várias atrações, como Lucas Lima contra seu ex-clube, a reestreia de Gabriel, Scarpa relacionado, os 100% de aproveitamento do Palmeiras.
Entre todas as curiosidades, está a observação sobre como dois dos treinadores mais jovens e promissores do país vão se comportar no primeiro grande jogo em São Paulo.
O Santos venceu seus dois jogos fora de casa e não ganhou ainda como mandante. Pode ser a continuidade do estilo de Jair Ventura, estrategista para o contra-ataque, ainda não confirmado como alguém que faça seus times envolverem adversários que se fecham na defesa.
Roger faz seu time ir ao ataque sempre. "Ele não larga a bola", diz seu ex-diretor, Rui Costa. "Encantei-me com o Novo Hamburgo que quase eliminou o Grêmio nas quartas de final do Gaúcho de 2015. Quatro meses depois, Douglas fez aquele golaço no Atlético, depois de o time tocar na bola quarenta vezes", diz Rui Costa.
O gol em questão teve doze passes, do desarme de Geromel, até a conclusão de Douglas, 25 segundos depois. De pé em pé.
"O que me impressiona mais é sua capacidade de preparar o time, mostrar os vídeos, indicar os pontos fortes do adversário e os defeitos que podemos explorar", afirma Antônio Lopes, sobre Jair Ventura.
Até agora, Roger parece avançar na montagem de um time que controla o jogo com a bola, e Jair Ventura vai no caminho inverso, usando o contragolpe como arma. Mais um ingrediente para o clássico, que colocará em risco o aproveitamento do Palmeiras, se a estratégia santista funcionar.
Um clássico não se faz só de treinadores. Faz-se de craques, duelos, surpresas e torcida. Hoje, há a chance de ver Scarpa, e assistir a Lucas Lima x Gabriel, de escalações imprevisíveis e de 35 mil espectadores.
Há também a dúvida se os dois novos treinadores, entre os seis que dirigem os 12 maiores clubes do país, deixarão o Allianz Parque aplaudidos por um jogo excepcional, ou com a crítica pedindo as velhas grifes, porque grandes nomes servem como escudos de proteção para dirigentes sem coragem.
Supervalorizar treinadores não é só achar que as vitórias nascem deles. É também julgar que as derrotas são sua exclusividade.
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