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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Loss é o primeiro a estrear com duas derrotas em 15 anos

Com time desfalcado, novo técnico do Corinthians segue sem vencer

 

Um antigo diretor de futebol do Internacional conta que costumava falar para Osmar Loss, em sua época no Beira Rio, que ele precisava ser mais tático, menos louco. Seu início de carreira registrou partidas como interino, na primeira decisão da Recopa Sul-Americana e na Copa Audi, enquanto o Inter esperava a chegada de Dorival Júnior.

O mesmo dirigente conversou com Loss na semana passada e sentiu o treinador mais conservador. A convivência com Fábio Carille e os três anos nas divisões de base do Corinthians forjaram um treinador mais estrategista. Não ataca todo o tempo.

Osmar Loss durante jogo contra Millonarios para Copa Libertadores 2018, na Arena Corinthians
Osmar Loss durante jogo contra Millonarios para Copa Libertadores 2018, na Arena Corinthians - Nelson Almeida - 24.mai.18/AFP

Viu-se isso neste domingo (27), em Porto Alegre. Depois do primeiro gol, marcado por Mateus Vital aos 4 minutos, após 25 trocas de passes, 1 minuto e 20 segundos com a bola sob domínio corintiano, o time recuou. Esperou no campo de defesa, teve apenas 38% de posse de bola, finalizou um terço das vezes do Internacional. Não foi bom.

"Não é orientação do treinador, mas é natural de todo ser humano: defender a vantagem", disse Osmar Loss em sua entrevista coletiva, a respeito do recuo do Corinthians depois de fazer 1 a 0.

Desde que Júnior, o lateral da Copa de 82, assumiu o Corinthians em 2003, não havia um treinador com duas derrotas em suas duas primeiras partidas no Parque São Jorge. 

Júnior perdeu para o São Caetano e para o São Paulo e pediu demissão num intervalo de quatro dias. Loss caiu contra o Millonarios, em Itaquera, e para o Internacional, no domingo (27).

Não é motivo para desespero, e a lógica é confiar que a estrutura corintiana empurre o trabalho do novo treinador, como destacou Andrés Sanchez antes da saída de Carille. Pode ter faltado um sinal mais forte de que o Corinthians não queria perder o treinador campeão brasileiro, ainda que Andrés diga que a escolha era só de Carille.

O Corinthians não tinha como concorrer com o salário.

Loss prepara-se para ser técnico há 20 anos e conhece futebol. Um pouco de calma pode fazer o Corinthians reagir. A derrota de Porto Alegre foi a 12ª em 2018. São mais insucessos em quatro meses e meio deste ano do que as 11 em todo o ano de 2017.

A queda para o Millonarios em Itaquera marcou também o quarto insucesso nesta temporada dentro de casa. Desde que inaugurou seu estádio, o Corinthians jamais havia sido derrotado tantas vezes como mandante num só ano.

Uma parte da história é provocada pelos desfalques. Loss, como Carille, não pode contar com Cássio, Fagner, Renê Júnior, Clayson e Ralf. Neste domingo, faltaram Gabriel, suspenso, e Rodriguinho, com inflamação dentária.

Ajuda a entender, mas não exclui a obrigação da recuperação rápida. O Corinthians volta a jogar em casa contra o América-MG, quinta (31). Depois enfrenta o líder Flamengo, no Rio, no domingo (3). Pode ser a chance de alcançar o líder, como fazia enquanto vencia no Beira Rio.

O Flamengo tem 14 pontos, e o Corinthians, 11. É o pior do Brasileiro desde 2004, quando o Criciúma ocupava a primeira posição. Naquele ano, o Santos disparou da 19ª colocação para ser campeão. Com o bolo na parte de cima da tabela, o mesmo pode acontecer neste campeonato de 2018.

Comparação do esquema tático de Loss em 2011, quando estava no Internacional, e o primeiro pelo Corinthians, em 2018
Comparação do esquema tático de Loss em 2011, quando estava no Internacional, e o primeiro pelo Corinthians, em 2018 - Núcleo de imagem

ROGER NÃO CAI

A direção do Palmeiras sabe que haverá pressão após a derrota para o Sport, mas não vai mudar o comando técnico. Roger Machado permanece, com a obrigação de reagir. O Palmeiras disputou 18 partidas neste ano como mandante. Só venceu a metade e coleciona quatro derrotas.

OUTRA DERROTA

Dodô e Rodrygo foram recordistas de passes errados, e o Santos não jogou bem de novo. Com Jair Ventura, agora são 12 vitórias no ano e 13 derrotas. Jair não consegue fazer o jogo de troca de passes que pretende no Santos e não tem a consistência defensiva que empurrou seu trabalho no Botafogo.

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