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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Futebol Rússia

A seleção não vive só de encantos, há também preocupações graves

Renato Augusto passa por mau momento e Paulinho não joga bem desde janeiro, quando se lesionou

A última vez que o Brasil perdeu um jogo com Neymar foi no dia 17 de junho de 2015. Se não cair nem contra a Croácia, nem contra a Áustria, nos amistosos pré-Copa, a seleção completará três anos sem derrotas, com seu melhor jogador em campo, no dia da estreia na Rússia, contra a Suíça.

Neste período, perdeu de Chile e Peru, sob o comando de Dunga, e da Argentina, com Tite, sem o camisa 10. Não é mau negócio começar o amistoso deste domingo (3) sem o craque. Aos poucos, o time de Tite parece diminuir a ideia de que depende apenas de sua principal estrela. É o primeiro trabalho em oito anos, quatro técnicos diferentes, em que o goleador da equipe não é Neymar. Gabriel Jesus fez nove gols desde sua estreia, Neymar marcou sete.

 

A seleção não vive só de encantos. Há preocupações graves, como a queda de rendimento de Renato Augusto e a tendência de Tite escalar Fernandinho como seu substituto. O jogo contra a Croácia será o quarto, da lista dos cinco últimos, em que Renato Augusto não será titular. Tite admira Fernandinho pela surpresa de seu passe, que ultrapassa as linhas defensivas e deixa colegas na cara do gol.

Só que é um volante, não um meia. “Acho que entro para dar mais consistência defensiva”, disse Fernandinho na entrevista coletiva de quinta (31). No desenho, Fernandinho entra exatamente no mesmo lugar e com a mesma função de Renato Augusto. Cobre o lado esquerdo e é articulador, não volante.

É como pensa Tite e foi assim que Fernandinho jogou contra a Alemanha, vitória brasileira sem Neymar, em Berlim, com a mesma formação de início da partida contra a Croácia, à exceção de Daniel Alves, machucado. Contra a Rússia, também em março, Tite testou Douglas Costa na ponta e Coutinho no centro.

O meia do Barcelona garante que pode jogar assim. Ajudar na marcação e chegar ao ataque. A seleção seria mais criativa e escalaria os melhores, como em 1958, 1970 e 2002.

Não dá certeza de vitória, mas vai ao encontro do que Tite fez durante as eliminatórias.

A dificuldade de fazer isso contra a Croácia é que Neymar não é a única ausência. Douglas Costa também está fora, o que obrigaria a escalar Taison na ponta para ter Coutinho na meia. A pergunta óbvia é: a convocação de Taison serve para quê?

A escolha de Fernandinho na vaga de Renato Augusto lembra a Copa de 1990, quando Lazaroni percebeu a queda de produção de Silas e optou por Alemão. A história do futebol conta que Alemão foi melhor do que Silas, mas era menos meia do que segundo volante. O Brasil perdeu criação e teve sua pior classificação desde a eliminação na fase de grupos de 1966.

Sem Neymar, Tite dirigiu o Brasil seis vezes. Venceu cinco e perdeu uma. Neymar vai jogar a Copa. O problema não é esse.

Por mais que seja importante entender como a equipe funciona sem seu melhor jogador, as questões decisivas são a presença de Danilo no lugar de Daniel Alves e a qualidade do meio.

Paulinho não joga bem desde janeiro, quando sofreu fissura no pé direito. Renato Augusto sentiu dores no joelho, não viajou para Liverpool e está aos poucos perdendo a posição de titular. A seleção está entregue ao melhor técnico brasileiro da década e isso é ótimo. Mas ele acerta e erra, como qualquer ser humano.

Daí ser importante observar se Fernandinho oferecerá mais passes surpreendentes ou mais sentido de cobertura. O Brasil precisa ter a bola e saber o que fazer com ela.

Ter capacidade de inverter o lado da jogada e deixar seus melhores jogadores no mano a mano contra os zagueiros. Nesse caso, pode vencer grandes adversários e ser de fato candidato à Copa do Mundo.

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