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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Copa do Mundo

Copa do Mundo virou sinônimo de tática e marcação

Futebol virou basquete, pela compactação, e está prestes a virar handebol, com muro defensivo

São Petersburgo

Até a sexta-feira (22) marcada pelo placar de 2 a 0, só sete partidas haviam terminado com diferença superior a um gol. Os 26% contrastam com o percentual da Liga dos Campeões.

Na fase de grupos da temporada 2017/18, 50 dos 96 jogos tiveram vantagem superior a um gol --52%. A Copa do Mundo mudou porque as seleções têm 72% de seus jogadores trabalhando fora de seus países, exceto a Inglaterra, caso único com todos os convocados no país.

Mas o futebol não mudou tanto no dia a dia quanto se vê na Copa.

O Irã defendeu-se da Espanha jogando no sistema 4-1-4-1, mas com duas linhas que se sobrepunham. Por vezes, havia seis na defesa, quatro no meio de campo, mas com setores separados por 9,15 m, a distância da marca do pênalti para a meia-lua da grande área. Foi igual à Costa Rica com o Brasil.

O futebol virou basquete, pela compactação. Está prestes a virar handebol, um muro defensivo apenas. Na Liga dos Campeões também é assim, mas o bloqueio perde para a habilidade. O poder econômico faz diferença entre os clubes da elite mundial. Entre as seleções que não treinam todos os dias as estratégias ofensivas, tudo fica mais equilibrado.

A Copa iguala também porque os 502 jogadores que jogam em campeonatos do exterior têm os mesmos treinos, a mesma tática e a mesma técnica. Convivem com os melhores.

Achraf, de Marrocos, trabalha todo dia com Cristiano Ronaldo. Quem treinava com Pelé? Só os brasileiros.

O espetáculo do Real Madrid supera as seleções espremidas pela tática. A Copa do Mundo virou sinônimo de marcação. A Liga dos Campeões, de espetáculo.

Se um dia a Copa morrer, só se verá futebol de alto nível na Inglaterra, na Alemanha e na Espanha. Nem na Itália, porque seu campeonato é decadente e sua seleção nem está na Rússia, após duas Copas eliminada na fase de grupos. A Liga dos Campeões já é uma espécie de NBA. Quem liga para os mundiais de basquete?

Isso não vai ser bom. O futebol foi o esporte que mais avançou fronteiras e, por isso, é o esporte mais amado do planeta.

As Copas agora são da tática. A Liga dos Campeões, dos craques, que chegam desgastados ao mês de junho para suas seleções --Cristiano Ronaldo à parte.

Com o Qatar em 2022 e os Estados "Unidos" ao México e ao Canadá em 2026, é provável que aumente para 48 o número de seleções e diminua a quantidade de países interessados em ver o que acontecerá no maior torneio da história.

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