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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Copa do Mundo

Já está na hora de entender que existem rivais

A lição da Rússia é que há rivais fortes com camisas fracas

Kazan

Neste domingo (8), em plena ressaca da derrota para a Bélgica, faz quatro anos do 7 a 1 da Alemanha. Sempre tem caça às bruxas nas derrotas, até mesmo porque sempre há erros e vilões. Mas é tempo de lembrar que são 21 Copas e o Brasil venceu cinco. São 16 derrotas, cada uma com razões, mais do que vilões.

O principal motivo em 2018 é que a Bélgica mereceu. Outro: o Brasil desperdiçou dois anos de seu ciclo de Copa ao escolher Dunga entre 2014 e 2016.

A lição da Rússia é que há rivais fortes com camisas fracas. Como afirmar que a Bélgica foi o primeiro time qualificado a cruzar com o Brasil, se a Suíça passou pelo caminho, com uma derrota em dois anos em seu cartel e com triunfo sobre os portugueses, campeões da Europa.

Ou como esquecer que o Brasil ganhou do México e este venceu a Alemanha.

Diferentemente da Liga dos Campeões, o 30º do ranking de seleções ganha do primeiro, razão pela qual há 50% de chance de um campeão inédito na Copa do Mundo da Rússia.

O equilíbrio, nesse caso, só perde do desequilíbrio na hora da análise.

É possível ver a olho nu que a velocidade de Mbappé e a visão de jogo de De Bruyne fazem deles mais candidatos a melhor do mundo do que Neymar. Pelo 2º ano seguido, Neymar não estará entre os finalistas do prêmio da Fifa. Mas o país segue babando sobre seu melhor jogador como se fosse mais importante sua eleição do que o Brasil ganhar o troféu.

Ele corre o risco de ficar na história como Robinho, cuja secretária eletrônica anunciava em gravação: "Aqui é o melhor do mundo do ano que vem".

Neymar precisa mandar um novo recado. O Brasil também. Criar um ambiente em que se discuta o jogo em sua essência, num país que se esforce para levar gente ao estádio e faça mais gente permanecer no Brasileiro, como forma de aumentar o número de crianças que gostem de futebol e saibam discutir sobre ele.

Ah, sim, os vilões. Tite errou ao não substituir Gabriel Jesus antes e ao não perceber que a entrada de Fellaini liberaria De Bruyne para construir o jogo. Mas também erramos nós, bipolares, falando em jogar bonito, antes de estrear na Copa. Depois, lamentamos a eliminação feia, numa partida em que o Brasil finalizou 26 vezes, ante 8 dos belgas.

Tite falará sobre o desempenho --abaixo da expectativa. Nós discutiremos o resultado. E, como haverá um campeão improvável, alguém dirá que esta Copa estava fácil, sem notar que é cada vez mais difícil chegar perto dela.

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