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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Clubes brasileiros sofrem com falta de tempo para treinar

Para formar grandes equipes aqui, é necessário mais do que grana

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As quartas de final da Libertadores terão 4 clubes argentinos, 3 brasileiros e 1 chileno. Há seis anos, o Brasil não supera a Argentina no número de candidatos à taça, entre os oito melhores. Em 2012, havia 4 brasileiros e 2 argentinos. Hoje, o sucesso é inversamente proporcional ao investimento.

Boca Juniors, Independiente e River Plate recebem, em média, metade do dinheiro de TV de Palmeiras, Cruzeiro e Grêmio. Só que os cifrões, na América do Sul, servem para contratar os jogadores que a Europa não quer. Não compra craques indiscutíveis. Para formar grandes equipes aqui, é necessário mais treino do que grana.

Embora sempre se foque a relação custo-fracasso do futebol brasileiro, há outra visão a partir do duelo que haverá entre Cruzeiro e Boca Juniors. Entre o clube do técnico mais longevo da Série A, Mano Menezes, contra o segundo da Argentina, Guillermo Barros Schelotto.

O treinador do Boca assumiu em março de 2016 e completará cem partidas neste domingo (2), contra o Vélez. Mano foi contratado em julho do mesmo ano e tem 153 partidas. Mano tem quatro meses a menos de trabalho e 54 jogos a mais. Tem mais dinheiro e menos treino.

"Esse dado é arrebatador", disse Mano Menezes, ao perceber a diferença dos números.

Quando se discute a qualidade dos times brasileiros e se compara o nível de investimento dos rivais, quando se observa que Atlético Nacional, da Colômbia, e Independiente del Valle, do Equador, foram finalistas da Libertadores, enquanto brasileiros e argentinos chupavam o dedo em 2016, é necessário olhar também quanto tempo se treina.

Nos últimos cinco anos, apontou-se para a importação de técnicos como solução. Nesta semana, o colombiano Reinaldo Rueda, ex-Flamengo, respondeu a este colunista. A mensagem apontava os números de Mano x Schelotto e questionava sua opinião sobre o desempenho dos times do Brasil.

Rueda disse: "Qualidade é mais importante do que quantidade. Com certeza, muitos jogos e viagens impedem bom nível. É quase impossível realizar treinamentos com alta intensidade. Fazemos só recuperação e partidas".

Nesta semana, além de culpar os treinadores, virou moda globalizar o bairrismo. Apontar a interferência política dos argentinos, como nós, paulistas, falávamos em cariocada nos anos 1970. Por favor...

Nos últimos sete anos, Brasil e Argentina empataram cinco vezes em número de representantes nas quartas de final. Em 2014, havia 3 argentinos e 1 brasileiro. Em 2012, 4 brasileiros e 2 argentinos. De 2010 para cá, foram 5 troféus do Brasil e 2 da Argentina. O contraponto é que os clubes daqui não chegaram à final de 2014 a 2016.

Para as finais deste ano, o Independiente está pior do que há dez meses, quando venceu a Copa Sul-Americana. Boca Juniors e River Plate melhoraram desde a fase de grupos. O Grêmio caiu de produção em comparação com a temporada passada, e o Cruzeiro só venceu 1 de seus últimos 8 jogos.

O Palmeiras está mais seguro defensivamente desde a chegada de Felipão. Desapontou contra o Cerro e não tem a segurança de um treinador que trabalhe há dois anos, como outros candidatos. Tem o elenco mais homogêneo, não necessariamente o mais talentoso. Do Palmeiras, só Borja foi para a Copa. O Boca cedeu 3 jogadores, o River e o Grêmio, 2.

Se a Liga dos Campeões é uma prova de regularidade, a Libertadores é de resistência. É preciso sobreviver à fase de grupos com viagens de 12 horas, como de Avellaneda a Barquisimeto, em Independiente (ARG) x Lara (VEN).

De Lisboa a Moscou, trajeto mais longo da próxima Liga, Porto e Lokomotiv viajarão seis horas. Treinarão mais. Provavelmente, jogarão melhor.

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