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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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O VAR não vai resolver todos os problemas do futebol

Recurso tem de continuar, mas não se pode criar expectativa exagerada

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​​O argentino Gervasio Nuñez, do Atlético Tucumán, foi cínico ao deixar o gramado e gritar que não tinha outro lugar para pisar, a não ser nas costas do gremista Alisson, no lance que originou sua expulsão, por revisão pelo vídeo. Mais cinismo, só do árbitro paraguaio Eber Aquino, ao julgar agressão o choque entre o zagueiro Dedé e o goleiro Andrada.

O juiz paraguaio Eber Aquino olha no monitor o vídeo do choque entre o zagueiro Dedé e o goleiro Andrada
O juiz paraguaio Eber Aquino olha no monitor o vídeo do choque entre o zagueiro Dedé e o goleiro Andrada - Agustin Marcarian - 19.set.2018/Reuters

Na mesma quarta (19), Cristiano Ronaldo foi expulso. O técnico da Juventus, Massimiliano Allegri, disse que o vermelho seria retirado se houvesse VAR. Em Turim, uma semana atrás, o presidente do Torino, Urbano Cairo, reclamou de um gol de seu clube, invalidado contra a Udinese: “Se é para o VAR ser assim, melhor não ter.”

É melhor ter e entender que há um processo de experiência. Dois integrantes da comissão de arbitragem da CBF entendem que há erro na implantação da Conmebol, diferente do Brasil. Só que, aqui, o Palmeiras reclama de Wagner Reway, que poderia ter deixado a última jogada contra o Cruzeiro seguir até o fim, pela Copa do Brasil, e depois revisá-la.

A CBF pensa diferente. Reway tinha autonomia para marcar a falta, porque o lance era de interpretação. O vídeo não tem de revisar interpretações, apenas erros evidentes. Eber Aquino reinterpretou. Viu certo no campo e reviu errado no vídeo.

Falamos aqui sempre sob a premissa de que há honestidade dos árbitros, até que se confirme o contrário.

Corrupção existe em toda parte. Uma vez descoberto, o corrupto deve ser preso. Mas, se em vez de suspeita, houver a premissa da desonestidade, melhor abrir uma padaria em vez de falar de futebol.

A regra permite interpretações desde que foi consolidada na Universidade de Cambridge, em 1863. Havia onze de cada lado, porque as salas de aula tinham dez alunos e um bedel, que jogava e não arbitrava. O juiz só nasceu em 1891. Por 28 anos, os capitães decidiam se era falta ou não.

Mais ou menos como na sua pelada. Pediu, parou!

Há dois meses, a final da Copa teve um gol de pênalti, convertido por Griezmann, numa infração marcada pelo VAR.

Como o escanteio pareceu desviar na cabeça de Matuidi, antes de tocar o braço de Perisic, a jogada é muito semelhante à que o São Paulo reclamou contra o Atlético-MG, no Independência, em toque no braço de Leonardo Silva. Em Minas, o cruzamento alcançou a cabeça de Hudson antes de bater na mão do atleticano.

Diferente da final da Copa, o árbitro Anderson Daronco julgou que não houve pênalti. A comissão de árbitros da CBF publicou no site oficial que a decisão foi correta.

Então, a final da Copa teve um pênalti mal marcado pelo vídeo? Pelo menos dois ex-árbitros acham que sim.

O VAR tem de ficar, mas a expectativa de que vai resolver todos os problemas é falsa. Em muitas jogadas, não haverá consenso. Nesta semana, o Cruzeiro foi vítima de um erro absurdo, avalizado pelo vídeo, enquanto Palmeiras e Grêmio tiveram o VAR funcionando à perfeição. Nem a torcida do Boca discorda destas afirmações. Mas o meia Gervasio Nuñez, do Tucumán, discorda.

Mário Gobbi costumava dizer que sua primeira providência após eleito presidente do Corinthians foi visitar a Conmebol. Ao chegar à sala do presidente Nicolás Leoz, deu de cara com uma bandeira do São Paulo, uma flâmula do Boca Juniors e um bonequinho de Neymar. Imediatamente, tirou da mochila uma camisa do Corinthians com o número 9 e o nome de Ronaldo. Entregou de presente ao dirigente. No mesmo ano, o Corinthians foi campeão da Libertadores.

Se julgar que foi por causa da camiseta e não pela qualidade do futebol, melhor abrir a padaria.

 
 

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