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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Supostos reservas do Palmeiras mostram ser melhores do que os são-paulinos

Pela primeira vez na história do Brasileiro, o time alviverde ganhou duas vezes do São Paulo no mesmo campeonato

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Felipão escalou só quatro titulares da Libertadores e mesmo assim o Palmeiras quebrou o tabu. Fazia 16 anos que não vencia o São Paulo no Morumbi. Ganhou com o time B de Brasileiro, enquanto preservava o time C, de Copas. Só Weverton, Moisés e Dudu começaram contra o Colo-Colo (Felipe Melo estava suspenso na quarta) e também o clássico. Só os quatro são time A.

Havia uma única razão para passar tantos anos sem vencer o rival em seu estádio. De 2003 a 2007 e de 2010 a 2014, o Palmeiras tinha equipes mais fracas. Hoje, os supostos reservas mostram ser melhores do que os são-paulinos.

Pela primeira vez na história do Brasileiro, o Palmeiras ganhou duas vezes do São Paulo no mesmo campeonato. No estadual, não acontece desde 1996. Felipão encontrou em sua própria história a receita para se renovar. Escala uma equipe na Libertadores e outra no Brasileiro. É difícil, mas pode ganhar os dois.

Dois homens de verde, um está ajoelhado e finge lustrar chuteira do outro
Deyverson e Maycon comemoram o segundo gol do Palmeiras, no sábado (6), em partida contra o São Paulo - Paulo Whitaker/Reuters

Os árbitros e a política

Os erros da semana passada produziram o melhor debate dos últimos anos sobre o que anda errado e o que pode melhorar. Os ex-árbitros Carlos Eugênio Símon e Sálvio Spínola, comentaristas dos canais FOX Sports e ESPN Brasil, trataram os equívocos como responsabilidade da comissão de arbitragem. Ambos pediram substituição da comissão, o fim do sorteio e da economia porca.

Por exemplo: por que o quarto árbitro é do estado onde acontece o jogo? Em Internacional x Vitória, pênalti marcado a favor do Inter e expulsão do auxiliar do Vitória, o árbitro Sávio Pereira era de Brasília, mas o gaúcho Tiago Diel era o quarto homem. Economia de passagem aérea. "Há dez anos, o quarto árbitro não tinha interferência, mas hoje participa das decisões", diz Sálvio.

Parte-se da premissa da inocência. Mas imagine que o presidente da federação local convoque o integrante do quarteto que pertence a seu quadro de árbitros para uma reunião antes da partida. E que apenas insinue que o jogo tem importância para o estado.

A premissa da escala do quarto árbitro local é inversa à do sorteio. O Estatuto do Torcedor tem vários méritos. O sorteio, nenhum. Se a premissa é a inocência, o melhor é escalar os mais competentes nos jogos mais importantes.

O coronel Marcos Marinho rebate as críticas de Símon e Sálvio afirmando que faz trabalho sério. Não se discute a seriedade. Discute-se a coragem para tocar na ferida. Nos anos 1990, Sidrack Marinho foi um dos melhores árbitros do Brasil. Era difícil entender por que um juiz do Sergipe tinha um escudo da Fifa no peito. Era o único de uma federação sem futebol de alto nível.

Apesar da qualidade de suas atuações, era inevitável pensar que o presidente de uma federação sem clube nem na Série A nem na Série B ganhasse como dengo um escudo da Fifa.

Fechar feridas abertas inclui pagar passagens para o quarto árbitro ser neutro, custear o árbitro de vídeo e mostrar todas as semanas o que se faz para diminuir os erros. Avançar em direção ao profissionalismo dos árbitros. "Quando um árbitro é chamado para a pré-temporada, há um convite, não uma convocação. O árbitro pode responder que seu chefe não liberou", diz Sálvio.

O processo de profissionalização tem de começar. É preciso vontade política para tocar na ferida. Não é fácil contentar 27 federações estaduais, das quais só 9 fazem parte da Série A. É também o desafio do calendário, para diminuir a quantidade de jogos sem impedir que se jogue no Brasil por dez meses em 8,5 milhões de km². A crise técnica do futebol brasileiro é grave. Mas será facilmente resolvida no dia em que se equacionar a crise política. Lembra a situação de algum país?

 

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