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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Bem-vindo, Sampaoli fará sucesso se o Santos ajudar

Técnico argentino chegou ao time da Vila Belmiro para temporada 2019

São Paulo

De todos os treinadores estrangeiros contratados por clubes brasileiros nesta década, Reinaldo Rueda e Jorge Sampaoli foram os melhores de longe. Rueda por ter conquistado a Libertadores pelo Atlético Nacional, da Colômbia. Jorge Sampaoli por fazer times completamente diferentes de tudo o que se tem por aqui. Por exemplo, o Chile com 51% de posse de bola que amassou a seleção brasileira no Mineirão e chutou uma bola na trave no último minuto, com Pinilla, na Copa do Mundo de 2014.

Tanto sua seleção chilena quanto a Universidad de Chile, semifinalista da Libertadores de 2012 e campeã da Sul-Americana de 2011 brilharam mais com Sampaoli do que com treinadores anteriores, mas aproveitaram a organização já existente na federação chilena e no balé azul, de Santiago. 

Com Gerardo Pelusso como técnico, a Universidad já havia sido semifinalista da Libertadores de 2010, depois de eliminar o Flamengo. Com Marcelo Bielsa, o Chile já havia voltado a disputar Copas do Mundo e chegado às oitavas de final, também contra o Brasil, em 2010. Ninguém trabalha bem todos os dias e o êxito muitas vezes vem acompanhado de um bom ambiente. Se a Universidad de Chile tivesse a organização do Guapira, do Jaçanã, provavelmente Sampaoli não teria sido um sucesso de crítica no início desta década.

Mas é indiscutível que Sampaoli chamou a atenção por não buscar as soluções simples. Seus times são camaleões táticos, ora com linha de quatro homens na defesa, ora com três zagueiros. Às vezes com três atacantes puros, outras com um centroavante que jogue atrás dos volantes, fora da grande área. Sampaoli é um gênio criativo, herdeiro da loucura de Marcelo Bielsa tanto por ter trabalhado em Rosário, quanto por ter dirigido a seleção chilena.

Bielsa já afirmou que Sampaoli não é seu discípulo, entre outras razões, por ser melhor do que o criador. Os resultados o avalizam. A Argentina de Bielsa foi campeã olímpica, mas eliminada na fase de grupos da Copa do Mundo de 2002. A de Sampaoli chegou ao menos às oitavas de final. Grande porcaria...

Tudo isso serve para ilustrar que Sampaoli terá sucesso no Brasil se o Santos for mais organizado do que foi em 2017. Nenhum clube em crise se salva por causa de um treinador, mas muitos técnicos em queda recuperam-se por cair no lugar certo na hora exata. Telê Santana passou pelo Palmeiras da fila e foi demitido meses depois de Aguirregaray chutar uma bola na trave contra a Ferroviária. Tivesse ficado mais um pouco e não teria caído no São Paulo, mais tarde bicampeão mundial.

O fato é que Sampaoli será muito bem-vindo. Sua adorável rebeldia tática pode ajudar jovens jogadores a entenderem o jogo construído desde o primeiro passe. Nossa inexplicável impaciência pode por tudo a perder. A ideia da contratação é muito melhor do que a de trazer o bom Ariel Holan, campeão da Copa Sul-Americana de 2017 pelo Independiente, como Sampaoli foi vencedor em 2012. 

Só não vale esquecer que Sampaoli foi bem onde as coisas andavam bem, como a seleção do Chile, a Universidad e o Sevilla. Foi mal onde já se caminhava para trás, como no Emelec e na seleção da Argentina. O Santos precisa ajudar Sampaoli a ajudar o Santos.

SOS Fluminense

Fernando Diniz gosta de passes curtos, de ampliar o campo para abrir espaços. Há muitos depoimentos de que seu problema não é tático, é de relacionamento. Quando passa do tom com seus jogadores, perde a liderança. Pode ser por isso que no Audax foi vice-campeão e rebaixado no ano seguinte.

A hora de Luan

Luan decidiu ficar e disse que só trocará o Grêmio pela Europa. Mas já ouviu que tem de ser protagonista, como em 2017. Está claro que isso dependerá de seu comportamento. Falta profissionalismo e ambição, contam no vestiário gremista. Se quiser ser o melhor do continente em 2019, Luan será.

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