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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Seleção Brasileira

No século 21, seleção brasileira joga no Maracanã uma vez a cada cinco anos

Estádio não recebe Brasil há cinco anos

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Nos primeiros 50 anos de Maracanã, a seleção pisou seu gramado 107 vezes. Pelo menos dois jogos por ano, em média. Neste século 21, foram quatro partidas. Em síntese, o Brasil joga em sua velha casa uma vez a cada cinco anos. Ficou sete temporadas seguidas sem jogar, entre 2000 e 2007, ainda nos tempos da Suderj, administração do falido estado do Rio de Janeiro, de todos os governadores dos últimos 20 anos com passagens pela cadeia.

Outra vez, o Maracanã está há 5 anos sem receber a equipe.

Ela só jogará a Copa América em seu maior palco se errar muito e terminar a fase de grupos em segundo. Ou se fizer tudo certo e chegar à finalíssima. É a repetição do equívoco da tabela da Copa-2014, que teve a Alemanha consagrada no estádio mais carismático do planeta e a seleção sem pisar nele.

Neymar comemora contra a Espanha na final da Copa das Confederações de 2013, última vez que a seleção brasileira jogou no Maracanã
Neymar comemora contra a Espanha na final da Copa das Confederações de 2013, última vez que a seleção brasileira jogou no Maracanã - CHRISTOPHE SIMON-01.jul.13/AFP

Há oito meses, você leu aqui que o Maracanã corria o risco de nem sequer participar da Copa América. A tragédia não se confirmou. A relação com o comitê do torneio melhorou. Também evoluiu a conversa com o Flamengo e isso ajudou a que o rubro-negro tivesse sua melhor média de público em 31 anos. Foram 47 mil por jogo. Desde 2000, a seleção tem 69 mil por partida no Maracanã. No ano que vem, o Flamengo pretende jogar 100% de suas partidas no estádio. O contrato atual prevê 25 jogos. Serão perto de 40.
Mesmo assim, o Brasil corre o risco de não jogar lá durante a Copa América.

Há argumentos fortes para isso. Com todos os esforços, o gramado não está bom e há dúvidas sobre o próximo ano. Como será a partir de Wilson Witzel, governador eleito do Rio?

Haverá nova licitação? O Flamengo poderá assumir sua administração? Ou continuará como está, com um exército de 35 homens mantendo o monumento e ajudando o Brasileiro a ter a maior média de público em 30 anos?

A direção do Consórcio Maracanã surpreendeu-se com a informação de que não receberá a seleção, antes das finais, repetição de 2014. O comitê da Copa América, que visita o estádio mais do que qualquer outro, tem a promessa de que não haverá espetáculos musicais em 2019 e de que a troca da grama acontecerá em maio, para um piso impecável em junho. Mas há a herança do processo de licitação indeciso e realizado no governo corrupto de Sérgio Cabral.

O governo Wilson Witzel encontrará situação emergencial na segurança, na educação, na saúde e também no velho maior do mundo. A CBF argumenta que teve encontros com o futuro governador. Afirma ter esperança de contar com o Maracanã em alto nível, no futuro. De tão positiva, a relação já inclui a adaptação de um camarote exclusivo para a CBF. A seleção jogará lá, em breve. Por enquanto, a garantia é de protagonismo como palco da decisão, não da seleção.

Até 1979, o Maracanã era a casa da seleção. Jogava-se esporadicamente em outros lugares, até que, em 1980, Giulite Coutinho assumiu a CBF e decidiu pelo revezamento entre os estados. Havia nisso troca de favores com federações e governadores, mas era, e é justo, que o Brasil jogasse em outras capitais.
Por que era só no Maracanã? Hoje a pergunta é outra: por que nunca lá?

Duro entender que Londres tenha se tornado o maior palco da seleção. Neste século, houve 14 partidas na capital britânica e quatro no velho Maraca. A regra impede jogar duas datas Fifa com viagens maiores do que cinco horas. Isso explica, mas não conforta.

Lembra mais Caetano Veloso e seu disco no exílio, de 1971, em que a canção “London, London” começava assim: “I am wandering round and round, nowhere to go.” Como Caetano, a seleção anda vagando sem endereço, sem direção.

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