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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Inglaterra mostra como escalar os melhores jogadores

É possível extrair o melhor resultado de um time usando seus jogadores mais criativos

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A primeira impressão das escalações de Manchester City e Liverpool, na quinta (3), era a de que o time da terra dos Beatles tinha um meio de campo mais forte. Wijnaldum, Milner e Henderson marcam e organizam. 

Diferentemente de Fernandinho, Bernardo Silva e David Silva. Em teoria, um volante de bom passe e dois criativos. Bernardo Silva era escalado por Guardiola como atacante. Foi assim em mais de 50% das vezes em que foi titular.

Terminada a partida, o atacante que virou meia foi a grande diferença. Bernardo Silva foi quem mais correu, 13,6 quilômetros, e mais realizou ações defensivas, três desarmes e quatro interceptações.

Bernardo Silva durante a partida entre Manchester City e Liverpool, na quinta (3)
Bernardo Silva durante a partida entre Manchester City e Liverpool, na quinta (3) - Jason Cairnduff/Reuters

Também teve uma assistência e 83% de acerto de passes, melhor índice de sua equipe. 

Isso não indica o melhor em campo. Sané foi o craque.

Mas os índices mostram como é possível extrair o melhor resultado de um time usando os jogadores mais criativos, sem perder competitividade.

Os sistemas mais ofensivos, com quatro ou três atacantes perderam espaço nas décadas de 1970 e 1980, porque a capacidade física não permitia marcar e chegar à frente com a mesma intensidade. Leia-se por intensidade a capacidade de passar o jogo exercendo funções. Quando perde a bola, marca ou fecha espaço. Quando a recupera, toca e se move para oferecer opção de passe ou deslocar um marcador.

Quem faz isso com mais perfeição no Manchester City é De Bruyne. Ausente por lesão, teve um dublê. Bernardo Silva foi sua cópia.

O clássico inglês mereceu destaque de Tostão nesta Folha e de Arrigo Sacchi na Gazzetta dello Sport, maior diário esportivo da Itália, famoso por ser cor-de-rosa.

Sacchi, treinador bicampeão da Copa dos Campeões pelo Milan, em 1989 e 1990, escreveu que os críticos italianos apegados ao passado dizem que Guardiola é o tiki-taka e Klopp o contra-ataque. Crítica à falta de referência dos analistas. No fundo, está dizendo que os italianos pensam o mesmo que nós, brasileiros. Que, na Inglaterra, pratica-se outro esporte.

Dizia-se isso de Milan x Napoli, quando Sacchi dirigia os milanistas, em 1988. 

Meu amigo Cláudio dizia preferir assistir aos jogos da segunda divisão de São Paulo e eu respondia que na Itália era outro esporte.

É inevitável comparar uma semana na Inglaterra, como esta que passei em Londres, com as vividas na Itália dos anos 1990. Há coisas mais invisíveis hoje, como o noticiário via celular. Mas, naquele tempo em que Sacchi era o treinador mais observado do planeta, os jornais cor-de-rosa saltavam aos olhos, embaixo dos sobretudos negros dos invernos italianos. Ouvia-se mais calcio do que hoje se escuta football.

A certeza é de que há ciclos. Hoje, é possível comparar apenas Barcelona x Real Madrid com o que acontece na Inglaterra. A Alemanha leva mais gente aos estádios, mas também não se discute futebol no dia a dia como na velha Itália. Ou como no Brasil e na Argentina.

Do ponto de vista tático, nada está mais perto da perfeição do que Guardiola com cinco ofensivos e vendo seus craques participando defensivamente mais do que os volantes adversários.​

Acertos e erros

Discutiu-se muito na Inglaterra o efeito psicológico da derrota do Liverpool e declarações de Klopp e jogadores sobre a força mental da equipe. Pouco sobre por que Klopp mudou o sistema tático contra o City. Por que voltou para o 4-3-3? Para ter força no meio de campo? Não deu certo.

Viva Abel

Abel Braga quer o Flamengo no 4-3-3. Mas pondera: “É um 4-3-3 das antigas. Mas como se diz hoje 4-1-4-1.” A questão não é o nome, que identifica posicionamento. O ponto é fazer os jogadores participarem ofensiva e defensivamente. Na Europa, todos evoluem taticamente. Menos Pato e Ganso.

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