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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Descrição de chapéu Campeonato Paulista

Reforma do calendário deve considerar necessidades de grandes e pequenos

Grandes do país jogam em 2019 pensando na mudança do calendário do futebol no ano que vem

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A provável reforma do calendário a partir do ano que vem deve levar em conta uma equação simples e técnica, não econômica. Os grandes clubes precisam jogar menos do que as atuais 83 partidas anuais. É o número possível para o São Paulo, se chegar às finais de todos os torneios. Além disso, os pequenos necessitam de calendário por dez meses.

Hoje, há clubes importantes, como o Náutico, sem atividade de agosto a dezembro. Quatro meses inativos significam desemprego de jogadores, técnicos, preparadores físicos, massagistas, jornalistas...

Com o argentino Sampaoli como técnico e apenas dois reforços, Santos procura se reafirmar no Paulista após dois anos sem títulos
Com o argentino Sampaoli como técnico e apenas dois reforços, Santos procura se reafirmar no Paulista após dois anos sem títulos - Ivan Storti/Santos FC

A reforma imaginada para o ano que vem parte do aspecto econômico. Com a dúvida sobre o que acontecerá com as operadoras de TV nos próximos anos, acabar com os estaduais significará um único pay-per-view por todo o ano, sem a queda habitual de telespectadores nos primeiros quatro meses do ano, quando há custo para transmitir Carioca, Mineiro, Gaúcho, Paulista, Baiano, Paranaense...

Podem ser bem-vindos torneios locais disputados nos meios de semana, com grandes entrando nas finais. Mas a decisão precisa ser motivada por estudo detalhado. O futebol precisa resolver seus problemas. Se isso acontecer, a TV compra, se quiser. Vai querer.

O único estadual fora desse espectro é o Paulista, porque os times recebem boas cotas de televisão e porque o contrato com a detentora dos direitos ainda tem duração de mais dois anos. Quando pagou mais caro pela transmissão, a razão era haver mais times importantes. Dos 40 participantes na soma de Séries A e B, São Paulo tem 14 (35%). O segundo colocado entre os estados é o Paraná, com 5 (12,5%).

O Athletico-PR não teve seus jogos transmitidos no Paranaense nos últimos dois anos. Agora, assinou por uma temporada, porque não se sabe como será o calendário de 2020.

O Paulista começou no sábado (19) com alguns de seus antigos atrativos. Sempre tem uma surpresa. Nos últimos 20 torneios, só 6 vezes os grandes terminaram nas quatro primeiras posições. Aconteceu em 1999, 2000, 2009, 2011, 2015 e 2018.

Palmeiras e São Paulo precisam ganhar o campeonato. O Palmeiras para evitar frustração, como a de 2018, que deixou herança para Roger Machado, demitido três meses depois. O São Paulo para terminar com a maior seca de troféus desde a conclusão do Morumbi. Nas últimas cinco temporadas, é o único grande clube sem título.

Há dois anos, o Santos nem ligava mais para o Paulista, conquistado sete vezes em dez anos. Hoje, precisa se reafirmar, porque não ganhou nenhuma taça nem em 2017 nem 2018. O Corinthians pode ser tricampeão pela primeira vez desde 1939. Há 35 anos, bateu na trave. Precisava vencer o Santos na última rodada, mas caiu por 1 a 0.

Nos últimos três anos, o Paulista foi o único estadual que evoluiu. Os gramados estão melhores, a organização avançou e o público reapareceu. Houve 22% de aumento de bilheteria. O estadual do Rio tem três vezes menos torcedores, embora tenha terminado 2018 com recorde em um jogo de estaduais, Botafogo e Vasco, com 64 mil pessoas na decisão.

O novo calendário precisa se lembrar do que houve desde 1988, quando nasceu o Brasileiro com acesso e descenso. Na época, seria possível recriar 26 estaduais fortes ou trocá-los por um campeonato nacional de primeira linha. Nos últimos 30 anos, não se fez nem uma coisa, nem outra.

O novo calendário precisa fazer o Brasil jogar futebol em 8,5 milhões de quilômetros quadrados, proteger grandes do excesso de jogos, viabilizar pequenos para revelarem atletas. Se for diferente, o Brasil continuará plantando jogadores para os europeus saborearem.

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